O aumento de gastos com compra de tecnologia
no exterior não necessariamente é um indicador negativo. Japão e Coreia
mantiveram altos índices de pagamentos ao exterior para aquisição de tecnologia
para capacitação de sua indústria. Jack Baranson[1]
mostra que a necessidade dos países terem acesso aos mercados mundiais, os
riscos políticos e incertezas econômicas de investimentos de capital no
exterior e a mudança de ênfase das empresas multinacionais para intensificar
atividades de P&D são fatores que tem levado a muitas empresas
multinacionais em licenciar suas tecnologias para empresas estrangeiras e contribuir dessa forma para maior difusão
tecnológica. Baranson mostra o exemplo da Cummings Engine Co. que licenciou e
tecnologia de motores diesel com a japonesa Komatsu, o da Amdahl Co. que
licenciou tecnologia na área de computadores para a japonesa Fujitsu. Em 1975 a
Honeywell vendeu parte da propriedade de sua subsidiária francesa a Honeywell
Bull a fim de ficar com um posição minoritária e desta form a poder se fundir
com a CII francesa aproveitando-se desta forma dos subsídios do governo rances para
atividades de P&D. Em outros casos a empresa licencia uma tecnologia da
qual não tem planos de investimento imediatos como o caso do acordo da Motorola
com a Matsushita no setor de televisores em cores.
Em 1974 a brasileira Embraer licenciou tecnologia da francesa Nord para fabricação do Bandeirante, da italiana Aeronáutica Macchi para fabricação do Xavante e tecnologia da norte americana Piper para fabricação dos monoplanos Carioca, Corisco e Sêneca. Para a Piper foi uma oportunidade de atingir posições de mercado conquistadas no passado por sua concorrente Cessna no mercado brasileiro. As negociações com a Piper foram possíveis após fracassadas as negociações com a Cessna e a Beech Aircraft.[2] Esta capacitação tecnológica foi importante para a empresa se consolidar tecnologicamente como uma das empresas responsáveis pela maior contribuição na pauta de exportação brasileira com produtos de alta densidade tecnológica.
Em 1974 a brasileira Embraer licenciou tecnologia da francesa Nord para fabricação do Bandeirante, da italiana Aeronáutica Macchi para fabricação do Xavante e tecnologia da norte americana Piper para fabricação dos monoplanos Carioca, Corisco e Sêneca. Para a Piper foi uma oportunidade de atingir posições de mercado conquistadas no passado por sua concorrente Cessna no mercado brasileiro. As negociações com a Piper foram possíveis após fracassadas as negociações com a Cessna e a Beech Aircraft.[2] Esta capacitação tecnológica foi importante para a empresa se consolidar tecnologicamente como uma das empresas responsáveis pela maior contribuição na pauta de exportação brasileira com produtos de alta densidade tecnológica.
A Embraer uma empresa brasileira com produtos de
exportação de alta tecnologia e terceira maior empresa mundial no segmento de
aviação comercial havia depositado apenas 10 patentes em quase quarenta anos de
existência. A estratégia foi criticada pelo presidente do INPI José Graça
Aranha: “‘Veja o caso da Embraer. É o principal cartão postal brasileiro nas
nossas exportações, uma empresa que lida com alta tecnologia que disputa com
várias outras empresas de primeiro mundo no mercado americano, que é o maior
mercado que existe. A Bombardier, que é a principal rival da Embraer, tem 166
patentes nos Estados Unidos. A Embraer não tem nenhuma. Isso mostra que não só
as empresas brasileiras não procuram se proteger. Veja um avião. Quantas
patentes a Embraer não deve ter no desenvolvimento daquela aeronave, quantos
inventos? E ela não pediu uma patente, colocou isso em domínio público,
qualquer um vai poder copiar peça por peça as invenções que eles desenvolveram.”
A partir de 2006 a empresa mudou sua estratégia ao criar o
Programa de Desenvolvimento Tecnológico para tratar de questões relativas à
propriedade intelectual e, desde então, elevou o número de depósitos de
patentes para um total de 70, inclusive com depósitos no exterior para
consolidar sua posição no mercado mundial.[3] Em 2001 a Embraer foi novamente a maior empresa exportadora
brasileira totalizando US$ 2,9 bilhões em vendas, com contribuição líquida de
US$ 1,1 bilhão em divisas para a balança comercial do país.
Piper Seneca
[1] BARANSON, Jack. Tecnologia e as multinacionais: estratégias da empresa numa economia mundial em transformação.Rio de Janeiro:Zahar, 1980
[2] SILVA, Ozires. Nas asas da educação: a trajetória da Embraer, Rio de Janeiro:Elsevier, 2008, p. 124-140; SILVA, Oziris. A decolagem de um sonho: a história da criação da Embraer, São Paulo:Lemos Editorial, 1998, p.338-358
[3] CAVACO, Vinícius. Pedido de patente passa a ser estratégico para Embraer, Valor Econômico, Indústria p. B8, 19/08/2010 http: //www.administradores.com.br/informe-se/artigos/pedido-de-patente-passa-a-ser-estrategico-para-embraer/47396/.
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