sábado, 28 de novembro de 2020
O Acordo TRIPS e a Convenção de Paris: a Proteção Internacional da Propriedade Intelectual
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Dicas de Busca - IPRHelpDesk Quiz #6
http://iprhelpdesk.eu/sites/default/files/newsdocuments/European%20IPR%20Helpdesk%20Bulletin%20-%20N%20%287%29%20August%20to%20October%2C%202012.pdf#page=11
Segurança Jurídica das patentes no Brasil
Segurança Jurídica das patentes no Brasil,
Instagram, Montaury_ip 27/11/2020
Jorge Ávila, ex presidente do INPI
Os direitos de propriedade industrial de fato são incentivos mas é mais do que isso, ele é um estatuto de propriedade sobre o resultado de seu trabalho é um princípio fundador da ordem econômica, basilar para quem desenvolve pesquisa e inova. A propriedade imobiliária ainda é muito mal resolvida no Brasil, pois muitos vivem em favelas. Não se trata de um simples incentivo para se construir casas, e com propriedade intelectual não é diferente. Num mundo onde não havia trabalho intelectual talvez fizesse sentido propriedade apenas para aquilo que é físico, mas hoje em dia ou reconhecemos a propriedade intelectual ou estamos numa selva. Temos de reconhecer os direitos sobre a criação para os inventores, isso é fundamental. Com o título de propriedade você pode vender ou alugar sua casa, porém, sem esse título nada pode ser feito. Com transferência de tecnologia é exatamente a mesma coisa seja numa universidade ou numa empresa, o que permite que a inovação chegue ao mercado mais rápido. Fiocruz e Butantã estão desenvolvendo um trabalho belíssimo com as vacinas e isso só é possível porque as empresas parceiras confiam num sistema de propriedade industrial eficaz. Quando se coloca em risco a segurança de direito sobre a propriedade intelectual o que você está fazendo é colocar em risco todo o sistema capaz de transformar tais inovações em benefícios para a sociedade. A certeza do direito é mais subjetiva que a segurança jurídica. A certeza do direito é baseada no histórico daquele país e tenho certeza ou não de que terei aquele direito. Existe uma trajetória histórica no nosso desenvolvimento industrial ao tentar ser auto-suficiente em tudo substituindo importações, que se distingue por exemplo da opção que fez o sudeste asiático. Na década de 1930 isso era razoável onde não se tinha percepção clara da dinâmica tecnológica. O erro dessa conta foi pensar que a tecnologia não se aceleraria. mas à medida em que isso acelera não tem como manter essa tradição de desenvolvimento. Agora o momento exige o incentivo à inovação, exige um novo modelo de desenvolvimento. Coreia e China apostaram muito mais que o Brasil em educação e empresas de tecnologia, algo que não fomos capazes de fazer. O modelo chinês é diferenciado porque é um modelo autoritário, não democrático. Precisamos avançar no entendimento de valorizar o trabalho intelectual pois a tendência é que o trabalho braçal e repetitivo fique cada vez mais com as máquinas. Talvez essa nossa mudança de modelo esteja sendo lenta demais. As universidades brasileiras tem se destacado no depósito de patentes, por exemplo com a Universidade da Paraíba líder de depósito de patentes, no entanto nossos currículos continuam com a mesma cara da metade do século XX. Muitas vezes vejo jovens sem saberem para que serve uma patente, ainda enxergam as patentes como uma mecanismo de exploração dos países ricos sobre os países pobres. O tempo excessivo de exame nas patentes pela primeira vez o governo sinalizou claramente para dar o máximo empenho na solução desse problema. Na época em que foi nomeado como presidente do INPI concluímos que aquele estado de atraso durou anos porque a importância das patentes não era absolutamente compreendido. Muitos chegavam a alegar que a demora beneficiava as empresas, o que é um absurdo. Não existe nada pior do que um pedido de patente pendente com a incerteza de saber se aquilo que está protegido ou não e isso obviamente afasta o investimento. O objetivo é ter uma decisão rápida que sinalize claramente aos investidores. Apesar disso, mesmo os atrasos no exame não afasta o interesse de muitas empresas devido ao mercado pujante brasileiro. O INPI até muito recentemente o governo não tinha a atenção devida que o enxergava como um cartório. Na Qualcomm percebi que o número de patentes da empresa era pequeno tamanho era o atraso no exame em telecomunicações. Nesse momento o atual presidente Cláudio Furtado tem feito um bom trabalho e avançado na solução desse problema em parte porque a visão do ministro Paulo Guedes é uma visão mais moderna. Hoje o governo não encontra uma resistência que na época do governo Lula existia. O aproveitamento da busca e exame do PCT é válido e não se deve ceder a pressões nacionalistas. Não podemos imaginar que teremos de contratar milhares de examinadores, teremos invariavelmente no futuro de nos juntar com outros países para cooperação no exame. Poderíamos colocar como meta termos o número de depósitos dos coreanos algo em torno de 200 mil por ano. Qualquer mudança de lei para enfraquecer a lei de patentes só atrapalha, irá levar ao investidor concluir que damos menos segurança que nossos concorrentes. Temos que reforçar o papel das patentes. Não creio que o questionamento do artigo 40 da LPI seja uma matéria constitucional, está dentro das competências do legislador pois não tem nada na constituição que diga que o máximo seja 20 anos. TRIPS exige um mínimo de 20 anos. Entendo que ter patentes maiores de 20 anos não seja inconstitucional. O legislador colocou essa ressalva na LPI foi para transmitir segurança jurídica. Se examinarmos as patentes no prazo esperado internacionalmente (bem abaixo dos dez anos) esse artigo nunca será usado.
terça-feira, 24 de novembro de 2020
Primeira patente de um brasileiro
[1]CRUZ, Murillo. A norma
do novo, Rio de Janeiro:Lumen, 2018, p.259
https://www.youtube.com/watch?v=l3ZWNttTrcA&feature=youtu.be
[2]MDIC. A história da Tecnologia
brasileira contada por patentes, Rio de Janeiro: MDIC, 2010; RODRIGUES,
Clóvis. A inventiva brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do
Livro, 1973. p. 395. MALAVOTA,Leandro Miranda. A construção do sistema de patentes no Brasil: um olhar histórico,
Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2011, p. 43
Dicas de Busca - IPRHelpDesk Quiz #5
http://iprhelpdesk.eu/sites/default/files/newsdocuments/European%20IPR%20Helpdesk%20Bulletin%20-%20N%20%286%29%20July%20to%20September%2C%202012_0.pdf#page=12
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
sábado, 21 de novembro de 2020
Dicas de Busca - IPRHelpDesk Quiz #3
http://iprhelpdesk.eu/sites/default/files/newsdocuments/European_IPR_Helpdesk_Bulletin_N4.pdf#page=11
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Dicas de Busca - IPRHelpDesk Quiz #2
http://iprhelpdesk.eu/sites/default/files/newsdocuments/European_IPR_Helpdesk_Bulletin_No3.pdf#page=6
domingo, 1 de novembro de 2020
Inovação na indústria química alemã e as patentes
As empresas químicas alemãs[1] entre as quais a Bayer e a Hoechst iniciaram um processo de relacionamento
entre pesquisa científica e inovações industriais, no desenvolvimento de novos
produtos, tais como o primeiro plástico moderno, a celuloide criada por Hyatt
em 1868, e o corante malveína inventado por Perkin em 1856 na época assistente
do grande químico alemão de corantes Hoffmann. Com a malveína quebrou-se o
monopólio dos corantes naturais extraído de animais como a cochonilha ou de
vegetais como o índigo.[2] As empresas começam a montar seus próprios laboratórios de pesquisa, a Bayer
por exemplo, contratou o cientista Felix Hoffmann que levou à descoberta do
ácido acetil salicílico em 1897 que se ostrou eficaz contra a febre e a dor da
artrite.[3] A BASF montaria seu laboratório de pesquisas em 1877, a Hoescht em 1878, a Agfa
em 1882.[4] David Landes destaca que na união entre ciência e tecnologia coube a área de
instrumentação um dos primeiros setores a promover esta integração como foi o
caso do moderno refratômetro goniômetro usado na indústria química e do
pirômetro.[5] Portanto,
paralelamente ao reforço do sistema de patentes alemão o que se observa é o
desenvolvimento da pesquisa científica como atividade organizada dentro das
empresas, um marco na definição da ciência organizada para inserção nas
atividades produtivas [6]. Este
interrelacionamento entre ciência e indústria foi fundamental tanto para a
Alemanha como para a Suíça para a alavancagem de suas indústrias na área
química e conquista de inovações. Laboratório de Justus von Liebig na
Universidade de Giessen [7] considerado pioneiro com laboratório químico industrial. Entre os produtos de
destaque da indústria química alemã encontravam-se as tintas derivadas do alcatrão.
Até 1860 as tintas eram orgânicas e importadas ao custo de 50 milhões de marcos
anuais. Quarenta anos depois o país já não importava tais tintas e exportava mas
de 100 milhões de marcos em tintas inorgânicas, sendo o país responsável por
quatro quintos da produção mundial. O mesmo aconteceu com o índigo azul sintetizado
em 1893 como resultado do trabalho de Karl
Heumann na BASF. O país deixou de ser importador para se tornar grande
exportador do índigo sintético produzido em laboratório. Entre as empresas
destacavam-se a Bayer com fábricas em Leverkusen e a Basf (Badishe Anilin und
Soda Fabrik) com sede em Ludwigshafen (no Reno), no sudoeste da Alemanha.[8]
Depois de 1876 com a aprovação da
lei de patentes as empresas focam seus investimentos em inovação e em grande
parte os laboratórios de pesquisa das empresas alemãs surgiram nessa época por
exemplo o laboratório da Bayer fundado em 1874. Na virada do século XX a
Alemanha já detinha 90% do mercado mundial de corantes sintéticos. O termo “cientista” foi cunhado em 1833 como
testemunho das profundas mudanças sociais da época e do novo papel desempenhado
pela ciência na sociedade. Em uma reunião promovida em Cambridge pela BAAS, pós
uma palestra sobre astronomia William Whewell foi interpelado pelo poeta
romântico Samuel Taylor Coleridge que comentou que os membros daquela
associação não deveriam ser chamados de filósofos naturais, afinal, eram
indivíduos mais práticos. William Whewell concordou e chegou à conclusão que o
termo a ser usado para quem pratica ciência deveria ser análoga a artista
(aquele(a) que pratica arte), nascendo assim o termo “cientista”.
Joseph ben-David mostra que a
tecnologia de corantes de tintas de anilina e vacinas imunizadoras na década de
1860-1870 marcam o desenvolvimento de laboratórios que não se destinavam ao
ensino e que empregavam pesquisadores profissionais que não era professores.[9] A BASF, Hoescht e Bayer mantinham frequentes contatos com a pesquisa
universitária e a Karlsruhe Technische Hochschule. Em 1880 a Alemanha respondia
por cerca de um terço da produção mundial de corantes, com mais de 15 mil
diferentes de materiais patenteados.[10] Mesmo Perkin tendo sido pioneiro na invenção da malvaína a Inglaterra não
manteve sua liderança tecnológica pois logo se especializou na importação de
corantes naturais de suas colônias para se transformar em exportadora de
tecidos o que a fez não investir na tecnologia de corantes sintéticos, o que
viria a ser feito por países como Alemanha. [11] A indústria ótica alemã teve como exemplo a indústria Carl Zeiss com origem nos
laboratórios acadêmicos da Universidade de Jena [12].
Em 1887 a Siemens financiou a criação do Physikalische Technische Reichsanstalt
dirigido por Hermann von Helmholtz da Universidade de Berlim. Este modelo de
pesquisa universtária alemã serviu de modelo para a Universidade Johns Hopkins
em 1876 nos Estados Unidos.[13]
[1]LEE, Rupert. Eureka:
100 grandes descobertas científicas do século XX. Rio de Janeiro: Editora
Nova Fronteira, 2006, p. 2.
[2]ZISCHKA, Anton. A ciência quebra monopólios, Porto Alegre:Ed. Globo, 1939, p.55
[3]ROBERTS, Royston.
Descobertas acidentais em ciências, Campinas:Papirus, 1993, p.243
[4]PARANHOS, Julia,
Interação entre empresas e instituições de Ciência e Tecnologia: o caso do
sistema farmacêutico de inovação brasileiro, Eduerj:Rio de Janeiro, 2012, p.52
[5]LANDES, David. Prometeu
desacorrentado, Rio de Janeiro:Elsevier, 2005, p.333
[6]DAVID, Joseph Bem. O papel do cientista na sociedade,
São Paulo: Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais, 1974, p. 175.
[7]CANEDO, Letícia Bicalho. A revolução industrial. Série: Discutindo a história, São Paulo: Ed. Univ Campinas, 1987, p.46; HENDERSON, William. A revolução industrial, São Paulo:Edusp, 1979, p.54
[8]CURY, Vania Maria. História da industrialização no século XIX, Rio de Janeiro:
UFRJ, 2006, p. 70
[9]DAVID, Joseph. O papel
do cientista na sociedade, São Paulo:Pioneira, 1974, p. 175; BEER, J. The
emergence of the german dye industry, Chicago:Universuty of Illinois Press,
1959
[10] FREEMAN, Chris; SOETE,
Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.158
[11] COUTEUR, Penny le;
BURRESON, Jay. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história.
Rio de Janeiro:Zahar, 2006, p.163
[12] HOBSBAWM, E. Da
revolução industrial inglesa ao imperialismo. Forense:Rio de Janeiro, 1969,
p.162
[13]McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.307