Na EPO em T60/89 a Corte destaca que
embora no final dos anos 70, a área de engenharia genética houvessem poucos
especialistas a ponto de a maioria estar cotada para um Prêmio Nobel, o técnico
do assunto na época deveria ser entendido como aqueles pesquisadores que
estavam na transição de genética molecular para engenharia genética.[1]
A utilização do chamado “conhecimento
geral comum” (common general
knowledge) pode ser particularmente relevante em áreas de fronteira
tecnológica quando a área tecnológica ainda é tão recente que não há uma
literatura técnica muito difundida, de forma, que o técnico no assunto pode
recorrer a esta forma de conhecimento tácita, para avaliar a atividade
inventiva e suficiência descritiva do pedido de patente. [2]
O conceito de common general knowledge possui uma posição e maior relevância na
análise de atividade inventiva na Inglaterra do que quando comparada com a EPO
e USPTO. As Cortes inglessas tem como primeira etapa na avaliação de atividade
inventiva a determinalão do técnico no assunto colocando o conhecimento tido
como common general knowledge como
destaque para as demais etapas de análise, conforme Pozzoli v. BDMO[3],
enquanto na EPO com o problem solution
approach e nos Estados Unidos com o teste Graham análise parte do estado da
técnica. Este entendimento foi confirmado por decisão da Suprema Corte em 2014
em Teva v. AstraZeneca[4]
em que o juiz considerou que artigos de jornais especializados em na técnica de
tratamento de asma porém sem serem os jornais de maior destaque do setor podem
ser considerados dentro do common general
knowledge de um técnico no assunto uma vez que tais matérias poderiam ser
rapidamente identificados por qualquer pessoa que conduzisse uma pesquisa sobre
o tema.
A patente trata do segundo uso médico
no tratamento de asma que combina dois medicamentos conhecidos: o formoterol e
a budesonida. Nenhuma das partes questionou que jornais de destaque no setor de
tratamento de asma como o Lancet e o New Eangland Journal of Medicine fossem
considerados como pertencendo ao common
general knowledge. Para os jornais menos conhecidos a Corte entendeu que o common general knowledge inclui não
apenas aquela informação que o técnico no assunto tem em sua mente mas também
aquela informação que pode ser encontrada em livros de referência. Tal
entendimento, segundo a Corte, deve ser adaptado à realidade do mundo digital
dos tempos atuais que permitem buscas rápidas realizadas por rotina pela
comunidade científica. Em Bourns v. Raychem Corp.[5]
em 1997 já estabelecer que o common
general knowledge não se limitava aquilo retido na memória do técnico no
assunto mas inclui aquele material que o mesmo sabe que existe, porém isto não
significa que todo o material que possa ser recuperado sem dificuldade pertença
ao common general knowledge. Seria necessário que tal informação fosse
considerada básica confiável (basic
reliable information) que o técnico no assunto pudesse reconhecer como matéria
natural (matter of course) em sua
área tecnológica. Com base neste entendimento de Bourns v. Raychem Corp, David
Brophy questiona a decisão da Corte inglesa em Teva ao considerar matérias de
jornais pouco expressivos como se enquadrando nestes critérios. A qualidade de
tais documentos bem como sua aceitação pelo técnico no assunto não teria mudado
pelo simples fato destes documentos estarem mais acessíveis. [6]
[1] Case Law
of the Boards of Appeal of the European Patent Office Sixth Edition July 2010,
p. 183 http://www.epo.org/law-practice/case-law-appeals/case-law.html
[2] Case Law
of the Boards of Appeal of the European Patent Office Sixth Edition July 2010,
p. 230 http://www.epo.org/law-practice/case-law-appeals/case-law.html
[3] http://www.bailii.org/ew/cases/EWCA/Civ/2007/588.html
[4] http://www.bailii.org/ew/cases/EWHC/Patents/2014/2873.html
[5] http://www.bailii.org/ew/cases/EWHC/Patents/1997/372.html
[6] The skilled person - more knowledgeable than ever before,
04/09/2014 http://ipkitten.blogspot.com.br/2014/09/the-skilled-person-more-knowledgeable.html?showComment=1409829917968
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