Em 1989, em um dos poucos casos
em que discutiu questão relacionada a patentes, um painel do GATT concluiu que
a suspensão de importações pelos Estados Unidos, de produtos acusados de
contrafação no exterior de patentes de titularidade de empresas
norte-americanas violava o princípio de tratamento nacional do Acordo. A medida
tinha como objetivo impedir a entrada de produtos pirateados ou contrafeitos no
exterior. Os casos eram decididos pelo International Trade Commission
(ITC) conforme a Seção 337 do Tariff Act de 1930 [1].
Sobre este mecanismo não são possíveis indenizações em dinheiro, apenas
restrições a importações [2].
A tramitação rápida dos casos de litígio no ITC prejudica a defesa dos
concorrentes estrangeiros, o que tem sido apontado como um tratamento
diferenciado em favor das empresas residentes norte americanos. Por conta
destas dificuldades cerca de 50% a 70% das disputas no ITC são resolvidas por
acordos entre as partes [3].
Um dos argumentos do GATT era o de que o alegado infrator não poderia se
beneficiar do mesmo direito no caso inverso, ou seja, quando a empresa
norte-americana fosse acusada de contrafação [4].
Mesmo condenado à época do GATT as empresas norte americanas se utilizam deste
recurso pois enquanto um processo de contrafação pode se arrastar por anos, as
decisões do ITC são concluídas em 18 meses [5].
A medida proporcionava vantagens ao titular de patentes nos Estados Unidos
sobre produtos importados que ele não possuía sobre os produtos domésticos: era
mais fácil impedir a importação de um produto acusado de contrafação no
exterior do que conseguir excluir do mercado uma outra empresa norte americana
acusada de contrafação dentro dos Estados Unidos. Uma emenda na Seção 337 do
Trade Act em 1988 tornou ainda mais fácil os titulares norte americanos
conseguirem impedir a importação de produtos acusados de contrafação no
exterior. [6] A
legislação pertinente é o 19 USC 1337(a)[7]. Como
consequência o número de casos analisados pela ITC tem aumentado nos últimos
anos, de 31 em 2009[8],
para 51 em 2010 e 70 em 2011[9]. O tempo
médio de conclusão dos casos em 2011 foi de apenas 13,7 meses. Em dezembro de
2011, por exemplo, a ITC proibiu a importação de dispositivos baseados no
sistema operacional Android da HTC que infrinjam a patente da Apple US5946647. [10] Segundo
Philip Grubb a suspensão de importações no âmbito do ITC favorece titulares de
patentes norte americanas em detrimento de concorrentes estrangeiros, porém
este mecanimo poderia ser considerado razoável quando não houvesse outro meio
de garantir os direitos de sua patente de processo contra a importação de produtos.
[11]
[1] MENELL, Peter. The International Trade Commission’s Section 337 Authority 2010 PATENTLY-O PATENT LAW JOURNAL http: //www.patentlyo.com/files/menell.itc.pdf.
[2] BOUCHOUX, Deborah. Intellectual Property for Paralegals: the Law of trademark, copyrights, patents and trade secrets. Canada: Thomson, West Law Studies, 2005. p. 367.
[3] MONYA, Nobuo. Revision of the japanese patent and utility model system.Pacific Rim Law & Policy, jun. 1994.
[4] GERVAIS, Daniel. The Trips agreement: drafting history and analysis. London: Sweet&Maxwell, 1998. p. 7.
[5] ALSTER, Norm. New profits from patents. Fortune, 25 abril 1988, p. 72.
[6] DRAHOS, Peter; BRAITHWAITE, John. Information feudalism: who owns the knowledge economy ? The New Press: New York, 2002, p.127,232
[7] PRESSMAN, David. Patent It Yourself, California:Nolo, 2009, p.419
[8] Intellectual property and mobile devices World patent war 1.0 http://www.economist.com/blogs/babbage/2011/12/intellectual-property-and-mobile-devices?fsrc=scn%2Ffb%2Fwl%2Fbl%2Fworldpatentwar
[9] FY 2011 Highlights: USITC Sees Record Number of Intellectual Property Infringement Cases Filed http://www.usitc.gov/press_room/documents/featured_news/337_timeframes_article.htm
[10] http://fosspatents.blogspot.com/2011/12/apple-wins-itc-ruling-of-narrow.html
[11] GRUBB, Philip, W. Patents for Chemicals, Pharmaceuticals, and Biotechnology: Fundamentals of Global Law, Practice, and Strategy; Oxford University Press, 2004, p.173
[2] BOUCHOUX, Deborah. Intellectual Property for Paralegals: the Law of trademark, copyrights, patents and trade secrets. Canada: Thomson, West Law Studies, 2005. p. 367.
[3] MONYA, Nobuo. Revision of the japanese patent and utility model system.Pacific Rim Law & Policy, jun. 1994.
[4] GERVAIS, Daniel. The Trips agreement: drafting history and analysis. London: Sweet&Maxwell, 1998. p. 7.
[5] ALSTER, Norm. New profits from patents. Fortune, 25 abril 1988, p. 72.
[6] DRAHOS, Peter; BRAITHWAITE, John. Information feudalism: who owns the knowledge economy ? The New Press: New York, 2002, p.127,232
[7] PRESSMAN, David. Patent It Yourself, California:Nolo, 2009, p.419
[8] Intellectual property and mobile devices World patent war 1.0 http://www.economist.com/blogs/babbage/2011/12/intellectual-property-and-mobile-devices?fsrc=scn%2Ffb%2Fwl%2Fbl%2Fworldpatentwar
[9] FY 2011 Highlights: USITC Sees Record Number of Intellectual Property Infringement Cases Filed http://www.usitc.gov/press_room/documents/featured_news/337_timeframes_article.htm
[10] http://fosspatents.blogspot.com/2011/12/apple-wins-itc-ruling-of-narrow.html
[11] GRUBB, Philip, W. Patents for Chemicals, Pharmaceuticals, and Biotechnology: Fundamentals of Global Law, Practice, and Strategy; Oxford University Press, 2004, p.173
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