O químico John Dalton utilizou-se
de valores medidos de água, oxigênio e azoto que casaram-se com seus valores
teóricos das proporções dos elementos para formação das moléculas. Jean Pierre
Lentin argumenta que esta concordância experimental,
não reproduzida pelos cientistas da época, deveu-se a seleção de resultados. Da
mesma forma George Mendel em sua célebre experiência com ervilhas para provar
sua teoria genética, conseguiu dados considerados “perfeitos demais”
selecionando seus melhores resultados ou enumerando incorretamente suas
ervilhas redondas ou enrrugadas para chegar ao resultado que esperava. Robert
Milikan em sua experiência da medição da carga do elétron francamente rejeitava
muitas de suas medições tidas como “artefatos”. Gerald Horton mostra que nos
cadernos de Milikan ao refazer suas experiências em 1913 seleciona 58
experiências de um total de 140. Muito embora a ciência dotada de melhores
instrumentos possa ter confirmar estas teorias, o fato é que, a seleção de
dados coerentes, ainda que de forma inconsciente, coloca em risco a
confiabilidade do experimento realizado, sendo a confirmação da teoria em
grande parte dependente mais de uma convicção do cientista do que uma
comprovação experimental, a qual se observa apenas posteriormente aos
experimentos iniciais. Esta debilidade pode estar presente em muitos documentos
de patente que algumas vezes dependem de comprovações experimentais baseadas em
seleção de dados das quais o examinador de patentes dificilmente poderá
questionar.[1]
[1] LENTIN, Jean Pierre. Penso, logo me engano. São Paulo:Ática, 1996, p.
148
Nenhum comentário:
Postar um comentário