Bertrand
Gille observa que ainda que o movimento biela manivela fosse conhecido no fim
do século XV e de implementação bastante simples para máquinas pequenas, ainda
assim o que se observa é que seu uso demorou muito para se difundir. Na roca,
por exemplo, a biela de madeira tinha um orifício onde se enfiava o braço da
manivela, que era de ferro e se ligava ao pedal por um cordel. A roda grande da
roca funcionava como volante. Entretanto, todas as representações do século XVI
mostram rocas manuais e não com pedais. A primeira representação de roca com
pedal aparece apenas com o rei da França Luís XIII em 1610 no Museu de Artes e
Ofícios. Da mesma forma o mecanismo de biela manivela também foi introduzido
lentamente nos tornos. A grande maioria dos tornos que aparece na Enciclopédia
de Diderot usam soluções alternativas. O mais antigo torno de pedal se encontra
no Museu dos Cervejeiros de Anvers referente a um torno de perfuração datado da
segunda metade do século XVI. Bertrand Gille conclui: “Os poucos fatos que pudemos reunir mostram o quão obstinadamente a
humanidade procurou resolver um problema cuja solução nos parece tão simples. Foram
precisos não apenas séculos para chegar ao resultado, mas mais séculos ainda
para ver disseminado esse sistema que era, no entanto, tão simples de adaptar a
um grande número de usos”.[1]
A roca em sua
forma primitiva é um pau fendido de uns noventa centímetros no qual se enrola a
lã ou linho bruto, o fuso é um agulha de poucos centímetros de comprimento
tendo na extremidade um furo por onde passa o fio e na parte inferior um peso a
fim de manter o fio esticado. O objetivo é manter o fio esticado e girar o fuso
enquanto a fiandeira torce a fibra. A roca é mantida sobre o braço esquerdo e
dele puxa novas fibras que os dedos hábeis da fiandeira torcem junto com o fio
do qual pende o fuso. À medida em que o fio vai sendo torcido e o fuso gura as
fibras se ligam umas ás outras e o fio vai se alongando esticado pelo peso do
fuso até quase tocar no chão quando a fiandeira enrola-o no próprio fuso e
continua a fiação.
[1]
BERTRAND, Gilles. O sistema biela manivela. In: GAMA, Ruy. História da técnica
e da tecnologia, São Paulo:Edusp, 1985, p. 183
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