Ao realizar experimentos com o
tubo de raios catódicos, conhecido como tubo de Crookes, o alemão Wilhem
Roentgen notou um efeito curioso. Em suas pesquisas Wilhem Roentegn usava tubos
de diferentes formatos, alguns em formato de pera, com o catodo na extremidade
mais fina. Os raios catódicos eram lançados sobre a extremidade maior e faziam
brilhar o vidro. Para ocultar a luminosidade excessiva, Roentgen cobria alguns
tubos com papel preto ou um pedaço de papelão. Próximo do tubo haviam placas de
um material fluorescente, chamado platino cianeto de bário, que brilhava sempre
que o tubo era ligado. Num certo dia havia, por acaso, uma barra de ferro de um
aparelho estava entre o tubo e o anteparo de papelão colocado em uma mesa. Ele
pode observar que no anteparo se observava uma sombra da vara de ferro, embora
sobre ela não incidisse nenhuma luz que justificasse a sombra. O brilho
persistia mesmo que Roentgen colocasse obstáculos entre o tubo e as placas de
cianeto de bário. Aqueles não eram raios catódicos, embora fossem produzidos
quando estes atingiam as paredes de vidro do tubo. Não poderiam ser partículas,
pois os raios não eram defletidos por um campo magnético ou elétrico, por outro
lado não eram refratadas por uma lente, o que mostrava que se tratava de raios
de comprimento de onda muito pequeno [1].
A natureza dos raios X foi determinada somente em 1912 com os trabalhos de Max
von Laue, ao demonstrar que estes são uma forma de radiação como a luz que se
produz quando elétrons em movimento são subitamente detidos ao chocar-se contra
um alvo metálico. O fenômeno que havia sido percebido por outros cientistas como
Philip Lenard [2]
era visto como mera curiosidade, levou a Roentgen desenvolver o que viria a se
tornar o primeiro aparelho de raios X para detecção de fraturas em ossos [3].
Em dezembro de 1895 apresentou seu relatório à Associação Física e Médica de Wurzburg
sob o título: “De uma nova espécie de
raios”. [4]Inicialmente
Roengten não percebera o alcance da descoberta na área de diagnóstico.[5]
A seu pedido, suas anotações de laboratório foram queimadas após sua morte, de
modo que não podemos ter certeza em que circunstâncias Wilhelm Roentgen
descobriu os raios X. [6]
Embora não representasse qualquer questionamento das teorias existentes, a comunidade
científica reagiu com surpresa. A princípio Kelvin considerou um embuste muito
bem elaborado, no entanto, tais dúvidas rapidamente se dissiparam.[7] O
jornal da Associação Médica Americana publicou matéria mostrando-se cético
quanto a viabilidade prática do método diante da necessidade de um tempo
excessivo de exposição e o custo do equipamento, no entanto já na guerra greco
turca de 1897 a radiografia já estaria sendo empregada para identificação de
projéteis nos feridos.[8]
[1] RONAN, Colin. História
Ilustrada da Ciência, vol. IV A ciência nos séculos XIX e XX, Rio de Janeiro:
Zahar, 1987, p106
[2] FRIEDMAN, Meyer;
FRIEDLAND, Gerald. As dez maiores descobertas da medicina. São Paulo:Cia das Letras,
2000, p. 175; PHILBIN, Tom. As 100 maiores invenções da história, Rio de
Janeiro:DIFEL, 2006, p.164
[3] DUARTE.op. cit. p. 215
[4] STOKLEY, James. A
ciência reconstrói o mundo, Rio de Janeiro:Ed. Globo,1951, p.138
[5] ROBERTS, Royston.
Descobertas acidentais em ciências, Campinas:Papirus, 1993, p.179
[6] HART DAVIS, Adam. O
livro da Ciência, São Paulo:Globo Livros, 20144, p. 187
[7] KUHN, Thomas. A
estrutura das revoluções científicas, São Paulo:Perspectiva, 2003, p.85
[8] ABRIL Cultural,
Medicina e Saúde. História da Medicina, v.II, São Paulo, 1970, p. 548
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