quinta-feira, 17 de julho de 2014

Será o primeiro troll no Brasil ?

Na mitologia nórdica os trolls são monstros que habitam em cavernas[1]. Com o advento da internet o termo passou a ser empregado aos participantes de listas de discussão que buscam disfarçar sua real identidade com intuito semear a discórdia.[2] O termo patent troll tem sido também usado desde os anos 90 para empresas ou indivíduos que iniciam ações judiciais por contrafação de patentes de uma maneira considerada agressiva ou oportunista de forma meramente litigiosa sem a intenção de produzir ou fabricar a invenção.[3] Peter Detkin da Intel pela primeira vez se referiu como trolls as empresas que extraem dinheiro de patentes as quais não tem interesse de fabricar.
No Brasil a Vringo Infrastructure[4] acionou judicialmente a ZTE Corp. e ZTE do Brasil por contrafação da patente PI0013975 depositada pela Nokia e concedida pelo INPI em 2013 para a Vringo Infrastructure. A patente trata de uma tecnologia utilizada no controle de rede em telefonia celular 3G e 4G. Uma injunção preliminar foi concedida pelo juiz impedindo a comercialização dos equipamentos da ZTE acusados de infração da patente. A Vringo acionou judicialmente a chinesa ZTE em outros países como Inglaterra, Alemanha, França, Austrália, Espanha, Índia e Holanda.[5] Donald Stout, presidente da NTP Holdings que recebeu de indenização $ 612 milhões da RIM, fabricante do BlackBerry, faz parte do Conselho Diretor da Vringo desde 2012, ano em que foram compradas 124 patentes da Nokia relativas a infraestrutura em telecomunicações [6], compradas por cerca de US $ 22 milhões. Para Mark Summerfield a Vringo pode ser vista como um fundo de aquisição de patentes e não como um troll, uma vez que as patentes adquiridas da Nokia são resultado do desenvolvimento tecnológico de uma empresa inovadora e a intenção da Vringo é a de estabelecer uma estratégia global de licenciamento ao invés de agressivamente eliminar concorrentes do mercado.[7]
A definição de quais empresas poderiam ser configuradas como trolls não está portanto bem definida na literatura. Considere por exemplo a Intellectual Ventures, empresa que inicialmente se especializou na aquisição de um grande portfolio de patente e que nos últimos anos tem se dedicado à atividades de P&D. Estima-se que a Intellectual Ventures[8], com um portfólio de 35 mil patentes, tenha alcançado uma receita de 2 bilhões de dólares desde sua fundação em 2000. O grande portfólio de patentes da empresa tem impulsionado investimentos na área de P&D com a criação[9] da Intellectual Ventures Lab em 2009. Desde sua fundação em 2000 a Intellectual Ventures deu origem a duas empresas spin off de alta tecnologia: a Kymeta na área de antenas para satélites e a TerraPower na tecnologia de reatores nucleares.[10] Embora apontada como NPE seu primeiro litígio veio ocorrer apenas em 2010, relativo a patentes em segurança de dados (US5987610, US6073142, US6460050, US7506155).[11] Os réus destas ações são grandes empresas na área de software como Check Point Software Technologies, McAfee, Symantec e Trend Micro. Nenhuma destas patentes consta no site do USPTO como sendo da Intellectual Ventures, por se tratar de patentes adquiridas pela empresa.





[1] http://en.wikipedia.org/wiki/Troll
[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Troll_%28Internet%29
[3] http://en.wikipedia.org/wiki/Patent_troll
[4] http://www.vringoip.com/cgi-bin/news.pl
[5] http://www.natlawreview.com/article/patent-troll-update-brazil
[6] http://en.wikipedia.org/wiki/Vringo
[7] http://blog.patentology.com.au/2013/06/a-patent-troll-down-under-why-vringo.html
[8] http://www.npr.org/blogs/money/2011/07/26/138576167/when-patents-attack
[9] http://en.wikipedia.org/wiki/Intellectual_Ventures
[10] http://www.intellectualventures.com/index.php/news/press-releases/kymeta-spins-out-from-intellectual-ventures-after-closing-12-million-fundin
[11] http://www.ipwatchdog.com/2010/12/09/intellectual-ventures-becomes-patent-troll-public-enemy-1/id=13711/

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