Uma
descoberta não pode ser
patenteável, conforme artigo 10 da LPI. Identificada uma propriedade física,
química de determinado material, estaremos diante de uma descoberta. Alcançado
um resultado através do uso prático advindo dessa propriedade estaremos diante
de uma invenção. Por exemplo, a identificação da propriedade quanto a
capacidade de absorver choque mecânico de determinado material é uma
descoberta, a criação de dormentes para ferrovias elaboradas a partir de tal
material é uma invenção por envolver a intervenção humana[1]. O
jornalista húngaro Laszlo Biro observou crianças ao brincar de bola que ao ser
molhada a bola percorre o solo deixando um rastro contínuo em forma de filete.
Esta observação o levou em 1938 a desenvolver a caneta esferográfica onde uma
pequena bola disposta sobre um alvéolo consegue depositar a tinta sem respongos
sobre a superfície de papel.[2] John
Loud inventara a caneta esferográfica em 1888 mas o modelo apresentava muitos
vazamentos. Lászlo Biró aperfeiçoou[3] este
modelo comprimindo o reservatório de plástico na qual a tinta era
acondicionada. Devido à força da gravidade, a tinta umedecia a esfera, e esta,
ao girar, a distribuía de modo uniforme pelo papel sem sujar os dedos ou
provocar borrões. Trabalhando como editor de uma revista em Budapeste Biro
ficava impressionado pela tinta de secagem rápido dos tipógrafos e pensou em
utilizar o mesmo princípio à escrita. [4] Durante
a Segunda Guerra Mundial, Biró e sua família fugiram da Hungria, indo primeiro
para Paris e depois para Buenos Aires [5].
Na Argentina o inventor teve a ideia de substituir a tinta por uma pasta
líquida. Em 1943, László Biró recebeu a patente da primeira caneta
esferográfica como a conhecemos hoje em dia. Um ano mais tarde, apareceram as
primeiras esferográficas no mercado argentino pela recém criada empresa Eterpen
Company. No lançamento no mercado norte-americano, em 1945, as primeiras 10 mil
canetas esferográficas foram vendidas em 24 horas, apesar do elevado
preço de mais de 8 dólares a unidade. O seu inventor, entretanto, não teve
participação nos lucros. Biró já havia vendido sua patente (US2390636 com
prioridade na patente argentina ARX564172 de 1943) por 1 milhão de dólares. Em
contrapartida, o comprador, o barão francês Marcel Bich, cuja firma BIC (Biro
Crayon) lidera o mercado mundial de esferográficas, se tornou bilionário [6].
László Biró
[1]
Diretrizes de análise de patentes, proposta para discussão, 1a
versão, agosto 1994, INPI/DIRPA, p.30
[5] DUARTE, Marcelo. O livro das invenções.
São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 52
[6] Calendário histórico 1943: Patenteada a
caneta esferográfica http: //www.dw-world.de/dw/article/0,,317880,00.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário