Segundo
o dicionário Aurélio, a palavra “tecnologia”
provém do grego Technos, o conjunto
de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um
determinado ramo de atividade, enquanto “técnico”
- grego “Technikós” – refere-se a
algo peculiar a uma determinada arte, ofício, profissão ou ciência, um saber
fazer que na Grécia antiga era transmitido dos mestres para os aprendizes. O
termo “tecnologia” remete ao termo “logos” que em grego significa “razão”. Assim a palavra “tecnologia” significa a aplicação das
teorias e métodos científicos à solução de problemas técnicos, ou seja, o termo
assume um sentido mais restrito do que o termo “técnica”[1].
A palavra “técnica” provém do grego “techne” que significa as artes úteis,
que por sua vez provém de “tekton” ou
carpinteiro, de forma que em sua origem a palavra envolvia algo do mundo físico
em oposição ao mundo das ideias puramente abstratas. A técnica, portanto, é tão
antiga quanto a própria humanidade, enquanto que tecnologia se aplicaria
especialmente após a revolução científica do século XVII. Para Milton Vargas a
técnica nasce “não como adaptação do
homem ao seu meio natural, mas pelo contrário, como adaptação deste último às
necessidades humanas”.[2]
Segundo o dicionário Houaiss,
tecnologia diz respeito a teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas,
processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da
atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.). Segundo o Oxford Dictionary
of English a tecnologia é definida como “a
aplicação do conhecimento científico para propósitos práticos, especialmente na
indústria", ”maquinaria e
equipamento desenvolvidos a partir do conhecimento científico” ou “ramo do conhecimento que trata de engenharia
ou ciências aplicadas”.[3]
A escola da economia institucionalista de Veblen, da mesma forma define
tecnologia em um conceito amplo, ou seja, a aplicação sistemática de
conhecimento organizado e confiável a tarefas práticas[4].
Características técnicas de uma invenção dizem respeito a seus aspectos
estruturais (os componentes físicos de um aparelho ou de uma molécula) ou
funcionais (etapa de um método, ou elementos definidos pela sua função como “meios para amplificação”). Os efeitos
técnicos dizem respeito aos resultados alcançados pela invenção, como por
exemplo: um desempenho mais rápido e seguro de um computador ou automóvel, uma
reação química mais ácida ou um campo eletromagnético mais direcional.
Ruy
Gama observa que, a palavra technology é empregada em um sentido muito mais amplo que a palavra
tecnologia da língua portuguesa: “A partir da 2a Guerra Mundial,
houve uma difusão da palavra technology substituindo, pura e simplesmente a
palavra técnica, e querendo significar o conjunto de todas as técnicas”.
Ruy Gama observa que a palavra tecnologia estava ausente dos dicionários de língua portuguesa no
início do século XIX, tendo sido introduzido pela primeira vez, em textos de
José Bonifácio[5]. O
alemão Johann Beckmann foi quem primeiro cunhou a palavra “technology” em sua obra Beiträge zur Geschichte der Erfindungen (História
das invenções, descobertas e suas origens) de 1772[6]. O
físico Jacob Bigelow em texto escrito em 1829 difunde o termo nos Estados
Unidos[7]: “Nunca houve uma era em que aplicações
práticas da ciência tem empregado tanto talento e engenho da comunidade como no
tempo presente. Para englobar os vários tópicos que pertencem a este
empreendimento, eu adoto o termo geral “technology”, uma palavra suficientemente
expressiva, encontrada e alguns dicionários antigos, e que começa a ser
revivido a literatura dos homens práticos nos tempos de hoje. Sobre este título
tenta-se incluir os princípios, processos e nomenclaturas das mais notáveis
artes, particularmente aquelas que envolvem a aplicação da ciência e que possam
ser consideradas úteis ao promover o benefício da sociedade junto com o
emolumento daqueles que a praticam”.
[1] VARGAS, Milton. O início da pesquisa tecnológica
no Brasil. Revista do Instituto de Engenharia, n.462, 1987, São Paulo.
[4] PESSALI, Huáscar; FERNANDEZ, Ramon. A tecnologia
na perspectiva da Economia Institucional, in. PELAEZ, Victor; SZMRECSÁNYI,
Tamás. Economia da Inovação Tecnológica, São Paulo: Hucitec, 2006, p.93
[5] VARGAS, Milton, História da Técnica e da
Tecnologia no Brasil, Ed. Unesp, 1994, p.50. SALOMON, What is technology ? the issues of its origins
and definitions, History & Technology, v.1 março 1984
[6] ZITEL, Claus. Philosophies
of Technology: Francis Bacon and His Contemporaries, Boston:Brill, 2008, p. xix;
https://en.wikipedia.org/wiki/Johann_Beckmann
[7] BIGELOW, Jacob. Elements of technology, Boston:Boston Press, 1829, p.iii-v. cf.
NOBLE, David. America by design: science, technology and the rise of corporate
capitalism, Oxford University Press, 1979, p.3, 23
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