O embaixador Miguel Ozorio de Almeida mostra que barganha similar, igualmente não cumprida esteve presente quando da redefinição das regras econômicas do pós Segunda Guerra: "De acordo com a combinação, todos os países se uniriam para organizar o mundo do após-guerra de uma forma justa e equilibrada. Justa e equilibrada queria dizer: com os países desenvolvidos podendo consumir, à vontade, toda a matéria prima dos países subdesenvolvidos. A realidade que nós estamos vivendo [depoimento de 1987 em plena crise da dívida....] hoje, do mundo subdesenvolvido totalmente endividado, é o resultado de Bretton Woods, que aliás está deixando saudades não sei bem a quem. certamente não deveria deixar a nós ! Porque não houve a menor tentativa, nem na Carta do Atlântico[4], nem depois em Bretton Woods[5], de dar uma compensação aos países subdesenvolvidos. Todas as tentativas nesse sentido, que foram feitas na Conferência de Comércio e Emprego de Havana foram abandonadas. É engraçado ! Porque os capítulos correspondentes foram rejeitados pelas duas potências, Inglaterra e Estados Unidos. Foram rejeitados. E a parte correspondente à necessidade de fornecimento de matérias-primas, ao comércio de matérias primas, etc, etc, foi resumido num capítulo especial e esse capítulo foi posto para funcionar, provisoriamente, sob o título de Interim Agreement of Commerce and Employment. Então o Interim Agreement foi posto para funcionar. Os países desenvolvidos nunca ratificaram a parte correspondente a recursos para industrialização dos países subdesenvolvidos. E nós, bestamente, deixamos que o Interim Agreement funcionasse. E ele ficou funcionando, ficou para sempre. Foi aquele provisório que eternizou e que hoje se chama GATT. O GATT é descendente do Interim Agreement, que era o capítulo correspondente, compensatório, dentro de Bretton Woods e da Carta do Atlântico, para a negligência em relação aos países subdesenvolvidos"[6]
[1] STIGLITZ, Joseph. Globalização como dar certo. São Paulo: Cia das Letras, 2007. p. 159, 463.
[2] MAY, Christopher; SELL, Susan. Intellectual Property Rights: a critical history. Lynne Rjenner Publishers: London, 2006, p.155
[3] CHANG, Ha Joon. O mito do livre-comércio e o maus samaritanos: a história secreta do capitalismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 75.
[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_do_Atl%C3%A2ntico
[5] http://en.wikipedia.org/wiki/Bretton_Woods_system
[6] Miguel Ozorio de Almeida: um depoimento, Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2009, p.20
[2] MAY, Christopher; SELL, Susan. Intellectual Property Rights: a critical history. Lynne Rjenner Publishers: London, 2006, p.155
[3] CHANG, Ha Joon. O mito do livre-comércio e o maus samaritanos: a história secreta do capitalismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 75.
[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_do_Atl%C3%A2ntico
[5] http://en.wikipedia.org/wiki/Bretton_Woods_system
[6] Miguel Ozorio de Almeida: um depoimento, Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2009, p.20
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