Werner Jaeger explica o conceito de
Platão sobre a imitação e a essência de uma obra exposto do capítulo 596 da
República: “As coisas que os sentidos nos
transmitem são reflexos das ideias, isto é, as cadeiras ou as mesas são
reflexos ou imitações da ideia de cadeira ou de mesa, que é sempre única. O
carpinteiro cria os seus produtos, tendo presente a ideia, como modelo. O que
ele produz é a mesa ou cadeira, não a sua ideia. Uma terceira fase da
realidade, além das da ideia e da coisa transmitida pelos sentidos, é a que
representa o produto da arte pictórica, quando um pintor pinta um objeto [..] O
pintor toma como modelo as mesas ou as cadeiras perceptíveis aos sentidos
feitas pelo carpinteiro, e imita-as no seu quadro. Tal como alguém que
pretendesse criar um segundo mundo, colocando a imagem deste no espelho, assim
o pintor se limita a traçar a simples imagem refletida das coisas e da sua
realidade aparente. Portanto, encarado como criador de mesas e cadeiras, é
inferior ao carpinteiro, que fabrica mesas e cadeiras de verdade. E o
carpinteiro é, por seu turno, inferior a quem criou a ideia eterna da mesa ou
da cadeira, a qual serve de norma para fabricar todas as mesas e cadeiras do
mundo. È Deus o criador último da ideia. O artífice produz só o reflexo da
ideia. O pintor é, assim, o criador imitativo dum produto que, à luz da verdade,
ocupa o terceiro lugar”. Nesse sentido o conceito inventivo de uma invenção
se aproxima ao conceto de “ideia eterna”
citada por Platão e por definição propriedade sagrada, da qual o artífice, ou
inventor, é mero imitador. [1]
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