quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Mulheres inventoras


Com relação ao gênero, estudos mostram que a invenção é um universo predominantemente masculino. Waverly Ding da Universidade da Califórnia, Fiona Muray do MIT e Tony Stuart da Harvard Business School realizaram estudo com uma amostra de cerca de 400 cientistas nos Estados Unidos no período de 30 anos. [1] O estudo mostrou que 6 por cento das 903 mulheres no grupo produziram apenas 92 patentes. No entanto, 13 por cento dos 3324 homens na amostra depositaram 1286 patentes, ou seja, os homens depositaram 14 vezes mais patentes que suas colegas cientistas. Marta González Garcia argumenta que no passado, a legislação de patentes em muitos casos restringia o direito de propriedade das patentes às mulheres, o que levava a que fossem apresentados os nomes do pai ou marido como responsável pelas invenções feitas pelas mulheres, tornando difícil o registro estatístico das invenções realizadas [2]. No estudo sobre o uso do sistema de patentes na Inglaterra dos séculos XVII e XVIII Christine MacLeod observa que menos de um por cento dos inventores detentores de patentes são mulheres.[3] Julia Hall irmão mais velha de Charles Hall inventor do processo eletrolítico na produção do alumínio e fundador da Alcoa teve um papel importante na invenção, mas seu papel foi diminuído pelos contemporâneos e historiadores.[4]Um estudo da OMPI mostra que em 2015 cerca de 29% dos pedidos PCT apresentam ao menos uma inventora enquanto que em 1995 este índice era de 19%. Esta participação varia bastante em função do país, com a Coreia (50%) e China (49%) tendo a maior participação feminina seguida de Polônia (40%), spanha (35%) e Cingapura (34%). A maior participação feminina se observa em biotecnologia (58%), farmacêuticos (55%), química fina orgânica (54%), química de alimentos (51%) enquanto que mecânica (11%), transporte (13%) e motores (15%) são as menos procuradas pelas mulheres. [5]

David J. Munroe (Columbia University), Jennifer Hunt (Rutger University), Hannah Herman e Jean-Philippe Garant (McGill University), mostraram que menos de 13% das patentes tem uma mulher entre os inventores nos países desenvolvidos (12,3% na Espanha; 10,3% nos EUA; 10,2% na França; e 4,7% na Alemanha, segundo dados de outros pesquisadores).[6] Segundo os autores, se essas diferenças fossem resolvidas, isso significaria um aumento imediato no PIB per capita americano de 2,7%. Dan Burk mostra que dos países europeus a Espanha  é o que apresenta maiores índices de inventoras entrre as patentes concedidas com 7.5% do total em 1991 e 14.2% em 2005. O setor tecnológico com mais patentes de mulheres é o farmacêutico, enquanto que engenharia mecânica e elétrica são os que detém os menos índices de inventoras mulheres entre as patentes concedidas. [7]



[1] MACLAY, Kathleen. Study addresses gender, patents in academia. http: //www.universityofcalifornia.edu/news/article/8384.
 
[2] GARCIA, Marta González; SEDEÑO, Eulalia Pérez. Ciência, tecnologia e gênero. In: SANTOS, Lucy Woellner dos; ICHIKAWA, Elisa; CARGANO, Doralice. Ciência, tecnologia e gênero. Londrina: IAPAR, 2006, p. 39.
 
[3] GRIFFITHS, D. The exclusion of women from technology In: FAULKNER, Wendy; ARNOLD, Erik. Smothered by invention: technology in women’s lives, London, 1985. Cf. MacLEOD, Christine. Inventing the industrial revolution: the english patent system, 1660-1800, Cambridge:Cambridge University Press, 1988 p.225; McGaw. Judith. Inventors and other great women: toward feminist history o technological luminaries, T&C 38 (1977), p.214-231; STANLEY, Auntumn, Once and uture power: women as inventors. Women’s studies International forum, v.15 (1992), p.193-202; McDaniel,, Susan. Mothers of invention ? meshing the roles of inventor, mother and worker, Women’s studies International forum, v.11 (1988), p.1-12 cf. MacLEOD, Christine. Heroes of invention. technology, liberalism and british identity 1750-1914, Cambridge University Press, 2007, p.26
[4] MOKYR, Joel. The lever of riches: technological creativity and economic progress, New York:Oxford University Press, 1990, p.175
[6] Jennifer Hunt, Jean-Philippe Garant, Hannah Herman, David J. Munroe, Why Don't Women Patent?, NBER, 2012 http://www.nber.org/papers/w17888
[7] Dan L. Burk, Do Patents Have Gender?, 19 American University Journal of Gender, Social Policy & the Law 881-919 (2011) available at http://digitalcommons.wcl.american.edu/jgspl/vol19/iss3/6/ cf. IP-WATCHDOG, 05/12/2014 http://www.ip-watch.org/2014/12/05/wipo-seminar-discusses-intellectual-property-and-gender/

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