Maria Ciparrone mostra que D. João
VI tentou fomentar a industrialização de tecidos de algodão no Brasil
valendo-se da disponibilidade de matéria prima na colônia. A partir de 1813 São
Paulo buscou atrair investidores privados financiando a criação de fábricas
submetidas à Junta de Comércio que se encarregava do pagamento e fiscalização
das atividades operacionais dos mestres tecelões entre os quais podemos citar o
português Thomaz Roiz Toxa, o catarinense João Marcos Vieira e o mestre
lisboeta João Moreira. Em 1815 D. João VI mandou vir de Lisboa máquinas para
tecelagem. Em 1819 uma fábrica foi instalada junto a lagoa Rodrigo de Freitas. [1]
A falta de fios restringia o aumento de produção tornando indispensável a
aquisição de máquinas filatórias que substituíam o trabalho das fiandeiras.Um
modelo inglês similar a Jenny de Hargreaves foi trazida de Lisboa em 1825 por
João Moreira com capacidade de quarenta fusos enquanto as máquinas inglesas da
época já trabalhavam com 100 fusos. A máquina patenteada na Inglaterra, não
tinha patente pelo Alvará de 1809 o que mostra um exemplo de como o Alvará não
era tido como um instrumento eficaz na proteção de inventos ingleses no Brasil.[2]
Em 1808 o ex inconfidente padre Manoel Rodrigues da Costa trouxe de Portugal
para Minas Gerais máquinas de tecer linho[3].
A abertura dos portos em 1808 e os privilégios concedidos aos ingleses em 1810 renovados
em 1826 invalidaram tais medidas protecionistas do Estado em prol da industrialização
do algodão tornando-se mecanismo de proteção da propriedade industrial inglesa
muito mais efetivo, com isso as exportações de tecidos paulistas declinaram
após 1826 enquanto que as importações atingiram sem auge em 1830. [4]
Reprodução retirada da obra de Pearse (1922). Imagem de mulher fiando no interior do Brasil, na primeira década do século XX
[1] BARBOSA, Elmer. Sistema
FIRJAN: 180 anos da indústria brasileira de 1827 ao século XXI, 2007, p.15; MELLO,
Maria Regina Ciparrone. A industrialização do algodão em São Paulo. São Paulo:
Perspectiva, 1983, p.31
[2]
MELLO, Maria Regina Ciparrone. A industrialização do algodão em São Paulo. São
Paulo: Perspectiva, 1983, p.83
[3]
MELLO, Maria Regina Ciparrone. A industrialização do algodão em São Paulo. São
Paulo: Perspectiva, 1983, p.79
[4]
MELLO, Maria Regina Ciparrone. A industrialização do algodão em São Paulo. São
Paulo: Perspectiva, 1983, p.149
Nenhum comentário:
Postar um comentário