Joachim Henkel e Stefanie Pangerl
realizaram um estudo em 2008 sobre estratégias defensivas adotadas por empresas
alemãs e concluíram que cerca de 70% delas utilizam alguma forma de estratégia
defensiva, publicando preliminarmente seus resultados tecnológicos, seja em revistas
ou mesmo em patentes, como forma de evitar a apropriação da tecnologia por
concorrentes [1].
Algumas razões apresentadas pelas empresas para não utilização de patentes
incluem: 1) a patente possui valor limitado; 2) a publicação defensiva tem
menor custo que a patente; 3) a liberdade de conhecimento deve ser preservada;
4) parece incerto que a invenção é patenteável. A taxa de utilização comercial
de patentes é relativamente baixa, muitas vezes por questões de marketing
ou outros fatores de mercado, de forma que o não uso de uma patente não
necessariamente é algo prejudicial à sociedade. Estima-se que a maior parte das
patentes concedidas é utilizada internamente pelos próprios titulares (52%), ao
passo que apenas 14% são licenciadas e cerca de 34% não são usadas seja internamente
ou por licenciamento [2].
Bessen e Meurer[3],
Boldrini[4],
Mazzoleni e Nelson [5],
Heller e Eisenberg[6],
Scotchmer[7]
apontam para os riscos contra a inovação causados pelas patente sem uso. John
Walsh[8]
e Torrisi [9]
estimam que entre 42% e 45% das patentes concedidas não são usadas. Salvatore
Torrisi faz uma avaliação do uso de uma amostra de patentes (patentes
depositadas em US/EP/JP) e conclui que 60.6 % são efetivamente comercializadas,
o restante simplesmente não é usado, 26.3 % tem finalidade estratégica como
impedir a entrada de concorrente, ou seja, tem alguma finalidade de bloqueio
explicita e 13.1 % são patentes adormecidas, ou seja, não está sendo usada
(comercializada) e também não tem nenhum objetivo de bloqueio imediato, a
patente foi solicitada por precaução apenas. Ou seja, na prática metade das
patentes não são usadas (e isso considerando países altamente desenvolvidos com
geração de tecnologia e sistemas de PI maduros), no entanto o uso de patentes
de forma estratégica parece ser menor do que se acreditava. O estudo mostra que
cerca de 18% das patentes de pequenas empresas são licenciadas enquanto que
para as grandes empresas esse percentual cai para 5%[10]
[1] HENKEL,
Joachim; PAGERL, Stefanie. Defensive Publishing: An Empirical Study;
DRUID Working Paper No. 08-04, http: //www.druid.dk/uploads/tx_picturedb/wp08-04.pdf.
[2] Scenarios
for the future http: //www.epo.org/news-issues/issues/scenarios.html
[4]
Boldrin, Michele, Levine, David K., 2013. The case against patents. J. Econ.
Perspect. 27 (1), 3–22.
[5]
Mazzoleni, R., Nelson, R.R., 1998. he benefits and costs of strong patent
protection: a contribution to the current debate. Res. Policy 27, 273–284.
[6]
Heller, M.A., Eisenberg, R.S., 1998. Can patents deter innovation? The anticommons
in biomedical research. Science 280, 698–701.
[8]
John P. Walsh, You-Na Lee, Taehyun Jung. Win, lose or draw? The fate of
patented inventions, Research Policy, v.45, n.7, set/2016, p. 1362-1373
[9]
Salvatore Torrisi, Alfonso Gambardella, Paola Giuri, Dietmar Harhoff, Karin
Hoisl, Myriam Mariani. Used, blocking and sleeping patents: Empirical evidence
from a large-scale inventor survey. Research Policy, v.45, n.7, set/2016,
p.1374-1385
[10]
TORRISI, Salvatore et all Used, blocking and sleeping patents: Empirical
evidence from a large-scale inventor survey, Research Policy, v. 45, n.7,
setembro 2016, p.1374-1585
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