Alex Wellerstein mostra
que patentes, junto com cláusulas de segredo, podem ser úteis na defesa do
interesse público como meio de controle em tecnologias chave que tenham
interesse para segurança nacional. Consegue-se desta forma conter a difusão
deste conhecimento, o que poderia prejudicar os interesses do Estado. O projeto
Manhattan, segundo o autor, produziu uma larga e agressiva estratégia de
patenteamento nos processos utilizados na construção da bomba atômica, como,
por exemplo, a patente US2708656 de Enrico Fermi referente ao reator nuclear [1]. Segundo Nicolas Witkowski a patente fora depositada por Fermi e Szilard
sem o conhecimento dos chefes do projeto Manhattan.[2]
Leo Szilard envolveu-se em uma disputa contra o governo
americano exigindo uma compensação por sua patente referente a reação nuclear
em cadeia. Algumas destas patentes como a US6761862 referente ao processo de
enriquecimento de urânio chegaram a permanecer 60 anos em sigilo sem
publicação [3]. John von Neumann em conferência realizada nos
Estados Unidos em abril de 1946 para apresentar os resultados em reações
termonucleares alcançados pelo computador ENIAC revelou o conteúdo de uma
patente secreta depositada em conjunto com o físico britânico (e agente
soviético) Klaus Fuchs referente a um invenção de um dispositivo para iniciar
uma reação termonuclear que empregava uma quantidade de material físsil adaptável
para sustentar uma reação em cadeia divergente de nêutrons. Segundo o
historiador Jeremy Bernstein: “John von Neumann
e Klaus Fuchs produziram uma invenção
brilhante em 1946 que poderia ter mudado o curso do desenvolvimento da bomba de
hidrogênio, mas que não foi totalmente compreendida até que a bomba tivesse sido
fabricada de forma bem sucedida”.[4]
O húngaro John von Neumann [5]
[1] MONTOBBIO, Fabio. Intellectual property rights and knowledge transfer from
public research to industry in the US and Europe: which lessons for innovation
systems in developing countries? In: The economics of intellectual
property: suggestions for further research in developing countries and countries
with economies in transition, WIPO, 2009, p. 203.
[2]
WITKOWSKI, Nicolas. Uma história sentimental das ciências. Rio de Janeiro:Jorge
Zahar, 2004, p.189
[3] KESTENBAUM,
David. The rush to patent the atomic bomb. http:
//www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=89127786.
[4] Bernstein, Jeremy (2010).
"John von Neumann and Klaus Fuchs: an Unlikely Collaboration".
Physics in Perspective 12: 36.; DYSON, George. Turing's cathedral: the origins
of the digital universe. Penguin 2012, p.4347/8746
[5] http://en.wikipedia.org/wiki/John_von_Neumann#cite_note-Bernstein2010-52
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