A Hitachi é um exemplo de empresa que ao longo do tempo empregou diferentes
estratégias de patentes, o que desfaz o mito de que empresas japonesas não tenham
se utilizado do sistema de patentes para o desenvolvimento [1].
Dados de 1996 mostram uma receita de US$ 455 milhões em royalties
recebidos por suas patentes e um gasto de US$ 91 milhões em licenças pagas a
tecnologias licenciadas pela empresa, o que mostra um saldo positivo líquido de
US$ 364 milhões ao ano.
Fundada por Namihei Odaira a empresa desde cedo estimulou a
geração de tecnologia própria. Após a Segunda Guerra a empresa licenciou
tecnologia estrangeira e desenvolveu aperfeiçoamentos incrementais. Em 1970 a
Hitachi depositou 20 mil patentes, embora pouca receita adquirisse de
tais patentes, apenas US$5 milhões, ao passo que despendia US$ 95 milhões em
licenciamentos de tecnologia estrangeira.
A empresa então passou a estimular o licenciamento
de suas próprias patentes. Em 1979 a empresa foi processada pela Westinghouse
por violação de uma de suas patentes. Embora a patente da Westinghouse tenha
sido anulada,a Hitachi percebeu que embora com um bom portfólio em
termos numéricos, não possuía nenhuma patente estratégica que pudesse ser
utilizada contra a Westinghouse.
Desde então a empresa mudou a estratégia de
patenteamento, procurando aumentar a qualidade das patentes depositadas, que
pudessem ser um instrumento útil como defesa em caso de futuras contrafações. A
estratégia teve êxito. Em 1986 a Texas processou empresas coreanas e japonesas,
entre as quais a Hitachi, por violação de patentes de semicondutores
DRAM. A Hitachi para se defender processou a Texas alegando que esta também
estaria violando suas patentes. A Texas reconheceu os argumentos da Hitachi e
as empresas entraram em acordo.
A mesma estratégia defensiva é adotada por outras empresas. A
Siemens foi processada pela Medtronic nos Estados Unidos por violação de uma
patente que tratava de uma tecnologia de marca-passos, o que forçou a empresa
alemã a fechar suas atividades nesta área nos Estados Unidos. Desde então a
empresa adota uma estratégia de manter um grande portfolio de patentes,
para que no caso de sofrer novo processo de contrafação, possa responder com um
contra-processo de violação de uma de suas
patentes e, desta forma, chegar a um acordo com a empresa concorrente.
[1] HISAMITSU, Arai, Intellectual
Property Policies for the Twenty-First Century: The Japanese Experience in
Wealth Creation. Geneva: WIPO, 1999, p. 34-37 in: IDRIS, Kamil. Intellectual
property, a power tool for economic growth. Geneva: WIPO, 2003, p. 64.
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