sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Patentes de Software e Centros de P&D no Brasil

As patentes constituem ativos importantes nas estratégias de P&D das empresas e como forma de estimular investimentos em pesquisa. Entre as empresas estrangeiras que atuam no país muitas anunciaram investimentos em pesquisa no Brasil e nesse sentido as patentes exercem um papel importante na proteção das invenções geradas por tais pesquisas. No exemplo de Israel muitas spin offs foram criadas a partir de pesquisadores de centros de P&D de multinacionais instaladas no país. No Brasil a Venturus tem sua origem no centro de pesquisas da empresa sueca Ericsson no Brasil. O Venturus Centro de Inovação Tecnológica foi fundado em 1995, está localizado em Campinas, interior de São Paulo, e se configura como um centro de pesquisa, desenvolvimento e tecnologia do país na área de telecomunicações.[1]

Diversas empresas estrangeiras têm anunciado investimentos de P&D no Brasil. A Cisco anunciou investimentos de R$ 1 bilhão nos próximos quatro anos no país, que inclui a criação de um centro de inovação no Rio de Janeiro e investimentos em capital de risco para financiamento de empresas digitais no país. [2] Entre 13 grandes companhias selecionadas pelo jornal “Valor Econômico”, todas com atividades de pesquisa no Brasil, os investimentos variam de R$ 35 milhões a R$ 3 bilhões, dependendo do intervalo de tempo do investimento. A americana EMC, por exemplo, anunciou em 2011 um aporte de US$ 100 milhões em cinco anos para construir um centro de pesquisa no Brasil. A Ericsson investiu R$ 900 milhões em pesquisa no País em 15 anos e registrou 40 patentes brasileiras na última década. A HP possui Centro de Pesquisas instalado em Porto Alegre, no campus da PUC-RS. A equipe brasileira desenvolveu o ePrint, software que permite imprimir documentos a partir de dispositivos móveis, como smartphones e tablets. [3]

Em 2012 a Microsoft inaugurou em São Paulo o maior centro de tecnologia e inovação na América Latina da empresa, o Microsoft Technology Center (MTC). Um dos projetos que no MTC do Brasil é o ProDeaf, criado por jovens pernambucanos que permite a comunicação entre surdos e não-surdos por celular e que foi premiada na nona edição da Imagine Cup, competição de computação conduzida pela Microsoft entre estudantes de mais de cem países.[4] A Microsoft instalou também centros de inovação dentro de universidades brasileiras como na PUC-RS com objetivo de atender tanto estudantes da área de Tecnologia da Informação, apoiando sua inserção no mercado de trabalho, como empresas que buscam a capacitação de seus profissionais e novos profissionais qualificados.[5] A Microsoft anunciou em fins de 2012 que irá instalar no Rio de Janeiro seu quarto centro de pesquisa em todo o mundo com investimentos em torno de R$ 200 milhões. O centro será o primeiro da empresa na América Latina. Só há unidades deste tipo na Alemanha, Egito e Israel. O centro de pesquisas da Microsoft será instalado na região central do Rio de Janeiro, como parte do projeto da prefeitura conhecido como Porto Maravilha que prevê a revitalização da zona portuária do Rio.[6]

Outras empresas na área de tecnologia da informação como Dell e HP  também instalaram centros de P&D no Parque Tecnológico TECNOPUC localizado no campus da PUC-RS e fundado em 2002 sob administração da Agência de Gestão Tecnológica e Propriedade Intelectual AGT/PUC RS.[7] O centro de pesquisa da Motorola Mobility, instalado em 1997 no interior de São Paulo, tinha uma equipe inicial de 30 pessoas, e aumentou para os cerca de 300 a 400 pesquisadores atuais, um número que varia de acordo com o projeto.[8] Na área de software embarcados para celulares a Morotola criou em 2002 um centro de testes e desenvolvimento para seus softwares, especialmente na área de softwares para mensagens curtas (SMS), localizado em Jaguariúna no interior de São Paulo. A equipe brasileira liderou o desenvolvimento do modelo C353, primeiro na tecnologia TDMA com tela colorida. Participaram do projeto, durante dez meses, cerca de 80 engenheiros brasileiros em pareceria com profissionais da Universidade Federal de Pernambuco, CESAR e Instituto Eldorado. A Siemens também criou um centro de desenvolvimento de software embarcado em Manaus, sendo o quinto centro de P&D em software da empresa no mundo.[9]

A IBM Research Division no Brasil é a nona divisão de P&D da IBM no mundo. Tem equipes em São Paulo e no Rio de Janeiro. A divisão emprega cerca de 3.500 pesquisadores em todo o mundo. No Brasil, são 100 cientistas, mas a empresa anunciou em 2012 novos investimentos para expandir as atividades de pesquisa no Brasil.[10]

No Parque Tecnológico do Rio, na Cidade Universitária da UFRJ as multinacionais Siemens, BG E&P Brasil e EMC Computer Systems Brasil ocuparão os últimos terrenos disponíveis no Parque, que chega ao limite de sua capacidade com a instalação de nove centros de pesquisa de empresas, nos quais trabalharão cerca de cinco mil pesquisadores, e cinco laboratórios, quatro da Coppe e outro que reúne várias unidades da UFRJ. A Schlumberger foi a primeira empresa a implantar o seu centro de pesquisa no local com pesquisa em geoengenharia e um hub de geosoluções[11]. A Baker Hughes e a FMC Technologies já deram início à construção de suas instalações e a estimativa é que a Usiminas, a Tenaris Confab e a Halliburton[12] iniciaram suas obras em 2011. A BG E&P Brasil desenvolverá pesquisas em Simulação e Controle em Automação e Robótica (GSCAR) e os Laboratórios de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), de Métodos de Modelagem e Geofísica Computacional (Lamemo) e de Tecnologia Submarina (LTS). A EMC Computer Systems Brasil desenvolverá pesquisas voltadas para a área de grandes dados (big data), que tem aplicações importantes em áreas como a genética, geologia e entretenimento. No Parque Tecnológico do Rio, a Siemens desenvolverá pesquisas nas áreas de tecnologia offshore e submarina, tecnologias sustentáveis, energias renováveis e desenvolvimento de software.[13] A GE anunciou em 2012 investimentos de R$ 500 milhões em cinco anos no centro de pesquisas que está sendo construído na Ilha do Fundão, campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Rio de Janeiro, com atuação entre outros setores em sistemas inteligentes e integração de sistemas.[14] Até o espaço ficar pronto, ao final de 2013, a GE continuará desenvolvendo as atividades do Centro no Parque Tecnológico da UFRJ, onde está desde 2011 e conta com mais de 50 profissionais trabalhando em quatro Centros de Excelência: Sistemas de Bioenergia, Sistemas Inteligentes, Integração de Sistemas, Sistemas Offshore e Submarinos.[15]

Evento realizado na FIRJAN em março de 2014 mostra o depoimento de diversas empresas estrangeiras que destacam a importância da propriedade intelectual para promoção da inovação e como moeda de transação para acordos de licenciamento com pequenas empresas locais fomentando assim a difusão tecnológica. A GE destaca a importância da PI para seu centro de tecnologia na UFRJ com 200 pesquisadores, com investimentos de 100 milhões de dólares nas áreas de bioenergia, integração de sistemas e petróleo e gás e parcerias com outras empresas. A IBM também destaca o papel de seu centros de pesquisas no Brasil e seus projetos de open innovation envolvendo empresas brasileiras e universidades. Casos de inovação aberta na IBM como Open Collaboration Research Program Awards que financia projetos com universidades, No governo o Edital Finep TIC 2013 como o projeto com LNCC sobre modelos climáticos, e desde 1999 a IBM atua em projetos como Linux, Apache, Eclipse, KVM, OpenPOWER, OpenStack, Open Daylight. Projetos First of a Kind (FOAK) com mais de 150 projetos desde 1995. A Microsoft destaca que a propriedade intelectual  a moeda para a open innovation. Open innovation seria bem mais difícil sem PI. Pequenas empresas são especialmente importantes nesta função de licenciamento assim como universidades. Algumas das contribuições open source da Microsoft incluem Moonlight, Silverlight, Hyper V Linux Integration, web sandbox, PHP 5.3 on windows, bing 404 for wordpress, PST file format SDK SQL. 23 das 24 maiores aplicativos open source rodam em ambiente windows.


[1] http://www.venturus.org.br/index.php/instituto
[2] http://oglobo.globo.com/tecnologia/cisco-vai-abrir-centro-de-inovacao-no-rio-de-janeiro-4475021
[3] Brasil ganha terreno no mapa global de inovação. JC e-mail 4468, de 02 de Abril de 2012. http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=81816
[4] http://blogs.estadao.com.br/radar-tecnologico/2012/01/17/microsoft-inaugura-centro-de-tecnologia-no-brasil/
[5] http://pucrs.micnetwork.org/CentrodeInovação.aspx
[6] http://tecnologia.terra.com.br/negocios-e-ti/microsoft-detalha-centro-de-pesquisa-no-rio-de-janeiro,54389a611f35b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
[7] AUDY, Jorge Luis Nicolas; MOSCHETTA, Roberto Astor; FRANCO, Paulo Roberto. Modelo de atração de empresas focado na pesquisa e na pós graduação: o caso do Parque Tecnológico da PUCRS (TECNOPUC). Anprotec 2003. http://www.pucrs.br/agt/tecnopuc/downloads/anprotec2003.pdf
[8] http://alfredopassos.wordpress.com/category/brazil/
[9] TAURION, Cezar. Software embarcado: oportunidades e potencial de mercado, Rio de Janeiro:Brasport, 2005, p.21
[10]
http://www.anpei.org.br/imprensa/noticias/brasil-atrai-area-de-pd-da-ibm-pela-capacidade-de-formar-cientistas/ http://www-03.ibm.com/press/br/pt/presskit/31847.wss
[11] http://www.geofisicabrasil.com/noticias/37-empresas24/1304-schlumberger-inaugura-centro-pesquisas-brasil.html
[12] http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=1640
[13] http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=1339
[14] http://www.baguete.com.br/noticias/25/05/2012/ge-r-500-milhoes-em-pd-no-brasil
[15] http://www.ge.com/br/nossa-empresa/pesquisa_e_desenvolvimento

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