Guerreiro Ramos e Agenda do Desenvolvimento
Denis Barbosa identifica no
discurso de Guerreiro Ramos em setembro de 1961 na Assembléia da ONU
denunciando o sistema de patente como lesivo ao desenvolvimento como sendo um
marco precursor da Agenda do Desenvolvimento.
O documento síntese do pronunciamento de Guerreiro Ramos intitulado “O papel das patentes na transferência de
tecnologia para países subdesenvolvidos” foi substancialmento modificado
por emendas apresentadas pelos países desenvolvidos.
A conexão entre a rejeição de patentes com o pensamento sociológico de
Guerreiro Ramos não é evidente mas também não é inesperada. Guerreiro é um
nacionalista-desenvolvimentista, ou seja, para ele o "desenvolvimento
nacional" não deveria estar subordinado aos interesses estrangeiros. A polêmica
com Florestan Fernandes da USP revela esta perspectiva a respeito do tipo de
sociologia que deveria ser particada no Brasil à época: uma sociologia
acadêmica ou uma sociologia "em
mangas de camisa", uma sociologia aplicada às politicas públicas de
interesse nacional. Guerreiro Ramos defende a proposta de que a sociologia deve
ser constituída a partir da realidade nacional, pelo desenvolvimento de uma
metodologia também própria.
Para Guerreiro Ramos os problemas de pesquisa sociológica deveriam obedecer às
necessidades impostas pelas particularidades de uma dada estrutura social e
desta forma a industrialização deveria ser o principal tema da sociologia
latino-americana, No II Congresso Latino-Americano de Sociologia ocorrido no
início da década de 1950, Guerreiro Ramos defendia que “o trabalho sociológico
deve ter sempre em vista que a melhoria das condições de vida das populações
está condicionada ao desenvolvimento industrial das estruturas nacionais e
regionais
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