quinta-feira, 4 de março de 2021

Patentes de plantas na EPO

 

Em G3/19 de 2020 o Enlarged Boards of Appeal mudou sua interpretação sobre o Artigo 53(c) da EPC de considerar plantas e animais produzidos por processos essencialmente biológicos como patenteáveis. Em T1063/18 o Board of Appeal concluíra que a Regra 28(2) da EPC estava em conflito com a interpretação do Artigo 53(c) da EPC tal como divulgada em G2/12 e G2/13 (Broccoli/Tomato) de que animais e plantas produzidos por processos essencialmente bilógicos estavam excluídos de patenteabilidade. Segundo G3/19 a Regra 28(2) está em conformidade  com o Artigo 53(b) da EPC na medida em que este exclui de patenteabilidade os produtos de processos essencialmente biológicos e o Artigo 53(b) em nenhum momento explicitamente permite a patenteabilidade de tais produtos.  G2/12, por sua vez, concluíra que produtos produzidos por processos naturais são patenteáveis e que o Artigo 53(c) não seria um óbice para tais patentes. O Enlarged Board of Appeal concluíra que o Artigo 53(c) explicitamente excluiu os processos biológicos naturais mas nada conclui sobre os produtos de tais processos. Subsequentemente foi introduzida pelo Administrative Council (AC) a Regra 28(2) que exclui tais produtos produzidos por processos naturais de patenteabilidade, tendo em vista que é mais fácil a emenda de uma Regra do que de um Artigo da EPC o que exigiria nova conferência diplomática entre os Estados contratantes. G3/19 confirmou este entendimento e que o AC não extrapolou de suas prerrogativas ao redigir a Regra 28(2), apesar de G2/12. Em G3/19 a Corte observou que uma interpretação de um artigo da EPC não são “gravadas em pedra” e estão sujeitas a uma interpretação dinâmica tendo em vista não ter havido nenhuma emenda no artigo 53(c) desde sua aprovação na EPC2000: “O Enlarged Board of Appeal abandona a interpretação do Artigo 53 (b) EPC dada na decisão G 2/12 e, à luz da Regra 28 (2) EPC, considera que o termo "processos essencialmente biológicos para a produção de plantas ou animais" no artigo 53(b), entende-se e aplica-se como extensível a produtos obtidos exclusivamente por meio de um processo essencialmente biológico ou se a característica do processo reivindicado definir um processo essencialmente biológico". O Enlarged Boards of Appeal reformoulou a questão original colocada para a seguinte forma: “Tendo em conta os desenvolvimentos ocorridos após uma decisão da EBA de interpretar o escopo da exceção à patenteabilidade de processos essencialmente biológicos para a produção de plantas ou animais no artigo 53 (b) EPC, essa exceção poderia ter um efeito negativo sobre a permissibilidade de reivindicações de produtos ou reivindicações de produto por processo direcionadas a plantas, materiais vegetais ou animais, se o produto reivindicado for obtido exclusivamente por meio de um processo essencialmente biológico ou se o recurso do processo reivindicado definir um processo essencialmente biológico?” G3/19 respondeu afirmativamente a questão.[1] Em alinhamento à decisão G3/19 o manual de exame publicado em março de 2021 da EPO admite a possibilidade de patentes de reivindicações de produto ou produto por processo em que o produto é obtido exclusivamente por um processo essencialmente biológico. Por exemplo, agora é declarado explicitamente que a exclusão ao abrigo da Regra 28 (2) em relação a plantas e animais obtidos exclusivamente por meio de um processo essencialmente biológico não se aplica a patentes concedidas antes de 01 de julho de 2017 nem a pedidos de patentes pendentes com dados de depósito e / ou data de prioridade antes de 01 de julho de 2017. [2]



[1] http://ipkitten.blogspot.com/2020/05/breaking-eba-finds-plants-produced-by.html

[2] Overview of the revised EPO Guidelines for Examination D Young & Co LLP, www.lexology.com 02/03/2021

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