domingo, 4 de outubro de 2015

Stuart Mill e as patentes


Na defesa do sistema de patente John Stuart Mill em 1860 argumentou que a abolição do sistema de patentes “iria estabelecer a liberdade de roubo sob o título prostituído de livre comércio”.[1] Para Stuart Mill: “a condenação dos monopólios não deve se estender ás patentes que permitem ao inventorde um processo aperfeiçoado gozar, durante um período limitado de tempo, o privilégio exclusivo de usar seu próprio aperfeiçoamento. Isto não é encarecer a mercadoria para que ele se beneficie, mas tão somente reduzir uma parte do benefício que o público deve ao inventor para recompensar-lhe pelo serviço que presta à comunidade. Ninguém negará que se deve recompensar o inventor [...] prém, em geral, é preferível conceder um privilégio exclusivo de duração limitada [...] já que a recompensa que obtém depende de que a invenção seja útil, e quanto maior seja a utilidade, maior a recompensa [...] Tenho, visto com verdadeira preocupação, diversos inventos recentes, por parte de pessoas capacitadas, para impugnar o princípio da patente em seu conjunto; intentos que, se tivessem êxito, entronizariam o livre despojamento sob o nome prostituído de liberdade de comércio, e colocariam os homens de compreensão, mais ainda que na atualidade, sob a dependência dos homens de dinheiro”. Para Antonio Figuueira Barbosa: “Sem dúvida, Mill sabia do que estava falando. Caso o sistema capitalista não reconhecesse a propriedade da tecnologia,a  organização da produção seria feita de forma diversa e, por cnseuência, não seria capitalista”.[2] A crise configurada em meados dos 1870 provoca um refluxo das teses liberais, multiplicando-se os níveis de controle da economia: “pouco a pouco os segmentos industriais em dificuldades passam a demandar do Estado medidas de apoio e proteção contra a concorrência estrangeira” e neste sentido perde fôlego o movimento anti-patente. [3]
 
Stuart Mill [4]
 



[1] MILL, John Stuart. Principles of political economy, Londres, 1862, cf. JOHNS.op.cit.p.275; MacLEOD, Christine. Heroes of invention. technology, liberalism and british identity 1750-1914, Cambridge University Press, 2007, p.265
[2] BARBOSA, Antonio Figueira. Propriedade e quase-propriedade no comércio de tecnologia, v.2, Brasília:CNPq, 1981, p.  36
[3] MALAVOTA,Leandro Miranda. A construção do sistema de patentes no Brasil: um olhar histórico, Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2011, p. 180

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