terça-feira, 6 de maio de 2014

Edison e atividade inventiva

À época de Edison várias tentativas já haviam sido implementadas para construção de lâmpadas com diferentes tipos de filamento, como a patente US317076 de Wiliam Sawyer e Albon Man que utilizava um papel carbonizado como filamento mas reivindicava de forma mais genérica um filamento um condutor de carbono feito de material fibroso ou material têxtil. A Corte concordou em anular a patente de Sawyer: “se uma descrição é tão vaga e incerta que ninguém pode dizer, salvo se através de experimentos independentes, como construir um dispositivo patenteado, a patente é nula”.[1] Thomas Edison em sua patente US223898 referente a lâmpada elétrica reivindica o uso de um filamento de carbono de alta resistência, após testar milhares de materiais tais como cabelo humano, crina de cavalos, dentes de tubarão, entre outros[2]. Edison testara um fio de algodão em forma de alça, que colocado sob um molde de níquel e cozido durante cinco horas produzia um fio completamente carbonizado, tão frágil que um simples suspiro era o suficiente para parti-lo. Os diferentes fios usados permitiam escolher aquele que permitia que a lâmpada ficasse acesa por mais tempo. [3]
Os melhores resultados foram conseguidos com fibras de bambu e de um tipo de cana do vale do Amazonas[4], embora Josephenson alegue que esta expedição teve caráter meramente publicitário[5]. A Suprema Corte entendeu como inválida a patente de Sawyer por ser excessivamente genérica e portanto reivindicar mais do que de direito, pois incluía inadvertidamente o tipo de filamento já protegido por Edison, o que único que se mostrara de fato eficaz.[6] A Suprema Corte entendeu que a patente de Wiliam Sawyer e Albon Man entendeu que as reivindicações genéricas 1 que pleiteiam fibras carbonizadas ou material têxtil em geral devam ser consideradas inválidas porque indefinidas, não atendendo ao critério de enablement (na época o Rev.Stat.§4888 equivalente ao atual 35 USC §112.
No julgado Edison Electric Light v. US Electric Lighting a Corte de Apelação do Segundo Tribunal, a Corte conclui: “É verdade que os filamentos de carvão ainda se rompem, que nem os aperfeiçoamentos de Edison nem os de outros inventores os tornaram absolutamente estáveis e, em certo sentido, pode ser dito que Edison apenas os tornou mais estáveis do que antes; que se trata de mera questão de grau. Mas o grau de diferença entre carvões que duravam uma hora e carvões que duram centenas de horas parece ter sido precisamente a diferença entre o fracasso e o êxito e a combinação atingiu pela primeira vez o resultado de há muito desejado, por vezes buscado e nunca alcançado, é uma invenção patenteável”. [7]
O inglês Joseph Swan um ano antes de Edison começara suas experiências com filamentos de carbono em lâmpadas do qual todo o ar havia sido retirado[8]. O uso de filamentos de menor diâmetro e elevada resistência permitiu Edison a economia necessária de cobre para viabilizar sistemas de transmissão de energia elétrica, utilizando-se de correntes elétricas de menor intensidade. Swan somente solicitou uma patente após o depósito de Edison, que alegou que a lâmpada do inglês infringia sua invenção. [9]Seguiu-se o litígio, mas a questão acabou sendo resolvida com a formação da Edison and Swan United Electric Company em 1883.




[1] MERGES, Robert; NELSON, Richard. On limiting or encouraging rivalry in technical progress: the effect of patent scope decisions. Journal of Economic Behaviour and Organization, v.25, 1994, p.11
[2] Owning the future, Seth Shulman, Houghton Mifflin Company, Boston, 1999, p.159
[3] CAMP, Sprague. A história secreta e curiosa das grandes invenções.Rio de Janeiro:Lidador, 1964, p. 238
[4] 159 US 465 (1895) cf. MERGES, Robert; MENELL, Peter; LEMLEY, Mark. Intellectual property in the new technological age. Aspen Publishers, 2006. p.167
[5] CAMP, Sprague. A história secreta e curiosa das grandes invenções.Rio de Janeiro:Lidador, 1964, p. 238
[6] BESSEN, James; MEURER, Michael. Patent Failure: How Judges, Bureaucrats, and Lawyers Put Innovators at Risk. Princeton University Press, 2008, p. 795/3766 (kindle version)
[7] CAMP, Sprague. A história secreta e curiosa das grandes invenções.Rio de Janeiro:Lidador, 1964, p. 242
[8] Tudo é relativo e outras fábulas da ciência e tecnologia, Tony Rothman, São Paulo:Difel, 2005, p.180
[9] MAY, Christopher; SELL, Susan. Intellectual Property Rights: a critical history. Lynne Rjenner Publishers: London, 2006, p.123

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