domingo, 29 de abril de 2018

Superação de preconceito técnico


O artilheiro inglês Robins em 1711 em seu livro Matemática contendo os novos princípios da artilharia apresentou sua invenção de raiar os canhões a fim de aumentar a sua precisão ao promover a rotação do projetil. No entanto, o grande matemático Euler argumentara contra a eficiência da medida, apesar dos experimentos concludentes apresentados. Esta opinião resultou no atraso da adoção desta invenção diante da autoridade de Euler[1]. No entanto, mesmo contra esta opinião de Euler a patente foi considerada inventiva pelos tribunais franceses e é apontada na literatura como exemplo clássico de invenção de meios.[2] Trata-se de um exemplo de invenção com superação de preconceito técnico estabelecido. Fletcher Pratt aponta que embora produzindo armas mais precisas, esta mesma solução fora proposta pelo fabricante de armas de Viena Gaspard Koller em 1520, no entanto, não alcançara popularidade pois em sua época era difícil trabalhar com metais duros e desta forma fabricar as raias, havia problemas na limpeza para remoção de resíduos de pólvora nas raias e além de ser difícil fazer com que um projetil penetrasse pelo cano de tal arma tornando o carregamento da arma bastante moroso.[3] No século XIX a Prússia derrotou a Áustria na Guerra dos Sete anos contando com avanços na tecnologia de armamentos entre as quais o fuzil de agulha Dreyse, nome derivado de seu percurso pontiagudo. Com o cano estriado, a nova arma era muito mais certeira do que os mosquetes de cano liso, ainda em uso na Europa. [4]


[1] MOUSNIER, Roland; LABROUSSE, Ernest. História Geral das Civilizações: o século XVIII: o último século do Antigo Regime, tomo V, v.1, São Paulo:Difusão Europeia, 1968, p.118
[2] POLLAUD-DULIAN, Frédéric , Propriété intellectuelle. La propriété industrielle, Economica:Paris, 2011, p.161; CHAVANNE, Albert; BURST, Jean-Jacques; Droit de la Propriété Industrielle, Précis Dalloz:Paris,1976, p.32
[3] PRATT, Fletcher. Famosos inventores e seus inventos, Rio de Janeiro:Record, 1964, p.94
[4] PARKER, Geoffrey. Senhores coloniais 1850-1900, Rio de Janeiro:Tme Life, 1992, p. 48

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