segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Xenofobia nos escritórios de patentes ?


Estudo de Quillen e Webster [1] mostra que no USPTO a média de deferimentos é de 85 % e no EPO de 65 %. Estatísticas do Trilateral Statistical Report de 2007 mostram que 51.4% das patentes que são examinadas na EPO, 48.9% no JPO e 48.7% no USPTO são deferidas [2]. O estudo de Cecil Quillen contudo observa que muitos dos pedidos rejeitados no USPTO reaparecem na forma de continuations de modo que o percentual de concessões fornece um falso quadro das invenções que de fato ao final do processo administrativo são concedidas. [3] Estudo de Dunlop mostra que a taxa de deferimento na EPO decresceu de 70% em 1996 para cerca de 52% em 2007. O autor atribui este decréscimo pela menor qualidade dos depósitos efetuados no período, maior rigor no exame de patentes pela EPO, aumento do backlog de pedidos que aguardam oral proceedings, um indicativo de maior rigor no exame. A presidente da EPO, Alice Brimelow destaca que “o propósito do sistema de patentes é apoiar a geração de benefícios econômicos para a sociedade. Contudo um grande número de patentes não necessariamente é um indicativo de crescimento da atividade de P&D do país. O que nós precisamos é ter certeza que as patentes concedidas são de fato relevantes” [4]. Dados de Posner e Landes mostram que a taxa de deferimentos no período 1965-2001 manteve-se em média em torno de 65% com fortes oscilações a cada ano. Os autores computam a taxa tomando-se em conta o número de concessões em um ano, divididos pelo número de depósitos observados dois anos antes, ao assumir um tempo médio de exame de dois anos fixo [5].

Paul Jensen mostra que das patentes concedidas no USPTO com família no Japão e EPO apenas 37.7% são concedidas na EPO e JPO[6] e apenas 0.6% dos pedidos foram rejeitados na EPO e JPO. Das cerca de 70 mil patentes concedidas no USPTO na amostra considerada, apenas 44.5% foi concedida no Japão, no entanto se considerarmo apenas os pedidos efetivamente examinados, desconsiderando pedidos arquivados e pendentes, temos que 75% dos pedidos decididos e examinados no JPO, tendo uma patente USPTO, acabam concedidos no JPO. Na EPO foram 72.5 % concedidos (considerando arquivados e pendentes) e cerca de 95% considerando apenas os efetivamente examinados e decididos na EPO. Este resultados variam conforme a área tecnológica. Outro aspecto identificado no estudo foi a variabilidade das decisões conforme a origem do pedido. No JPO pedidos examinados e concedidos no USPTO e EPO, sendo o pedido de origem no Japão a taxa de concessão de 70% ao passo que os pedidos de origem alemã 40%, US 45% e demais países 40%. Na EPO os pedidos concedidos no USPTO e JPO com origem na Alemanha tiveram taxa de concessão de 95% enquanto que os pedidos de origem do Japão 80% e Estados Unidos 75%. Paul Jensen conclui diante dos resultados que claramente indicam que JPO e EPO acabam favorecendo seus depositantes nacionais que “é tentador inferir que JPO e EPO estão simplesmente utilizando de patentes como um tipo estratégico de barreira comercial não tarifária. Contudo não podemos saber se isto é devido a fatores estratégicos ou se trata simplesmente de que os depositantes locais estão mais familiarizados com as idiossincrasias do sistema de patentes doméstico, por exemplo”.
 
Paul Jensen
 



[1] QUILLEN, Cecil; WEBSTER, Ogden H. Continuing Patent Applications and Performance of the U.S. Patent Office, Fed. Circ. Bar J., v. 11, n 1, ago. 2001, p. 1-21 apud SUEPO Working Paper. A Quality Strategy for the EPO. dec. 2002. http: //www.suepo.org/public/docs/2002/quality.pdf.
 
[2] ARUNDELA, Anthony; KABLA, Isabelle.What percentage of innovations are patented? empirical estimates for European firms. Research Policy, v.27, n. 2, jun 1998, p. 127-141; JAFFE, Adam; LERNER, Josh. Patent prescription: a radical cure for the ailing US Patent System. IEEE Spectrum, dez. 2004, p. 29. Trilateral Statistical Report 2007 Edition. http: //www.trilateral.net/statistics/tsr/2007/TSR.pdf.
[3] QUILLEN, Cecil; WEBSTER, Ogden H. Continuing Patent Applications and Performance of the U.S. Patent Office, Fed. Circ. Bar J., v. 11, n 1, ago. 2001, p. 1-21; QUILLEN, Cecil; WEBSTER, Ogden; EICHMANN, Richard. Continuing patent applications and performance of the US Patent and Trademark Office – Extended, Federal Circuit Bar Journal, 12, agosto 2002, p.35-55, cf. JAFFE, Adam; LERNER, Josh. Innovation and its discontents: how our broken patent system is endangering innovation and progress, and what to do about it. Princeton University Press, 2007, p. 2572/5128 (kindle version)
[4] RODRIGUEZ, Victor. The backlog issue in patents: a look at european case. World Patent Information, v. 32, 2010, p. 288.
 
[5] POSNER, Richard; LANDES, William. Economic Structure of Intellectual Property Law. Harvard University Press, 2003, p. 343.
 
[6] HENSEN, Jensen; et al. Disharmony in International Patent Office Decisions. The Federal Circuit Bar Journal v.15, n.4 2005, p.681

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