sábado, 10 de setembro de 2016

O destino do teste TSM após KSR


Segundo Rodrigo Souto Maior “o teste TSM não saiu da batalha morto, mas ferido apenas. O que restou dele ainda é incerto”. Segundo o autor: “apesar de ainda ser importante identificar a razão que teria motivado o inventor a combinar os elementos reivindicados, isso deve ser feito de forma flexível. A motivação pode estar mesmo em outro ramo da técnica e concernir a outro problema, contanto que um técnico no assunto, dotado de criatividade e bom senso ordinários, tivesse sua atenção a ela chamada em virtude da matéria com que lida[1]. Elizabeth Richardson também entende que após KSR o teste TSM deva ser aplicado de forma menos rígida, porém, mantém sua vitalidade. [2] Para Daralyn Durie e Mark Lemley “a decisão em KSR é um pouco parecida com um teste psicológico de Rorschach oferecendo uma linguagem para ser retorcida para suportar virtualmente qualquer perspectiva de obviedade pela lei”.[3] Jason Ratanen mostra que após KSR o Federal Circuit tem sido mais rigoroso na aplicação do exame de obviedade, afastando a aplicação do teste TSM. Após KSR as Cortes Distritais decidiram em 47% dos casos como sendo óbvios. Nos casos em que a Corte Distrital concluía pela obviedade se antes de KSR o Federal Circuit confirmava este entendimento em 60% dos casos, após KSR o índice de concordância aumentou para 81%. Por outro lado, se antes de KSR o Federal Circuit confirmava um entendimento de não obviedade em 72% dos casos, após KSR o índice de concordância diminuiu para 68%, ou seja, o Federal Circuit está tendendo a reverter mais decisões de não obviedade e confirmar mais as de obviedade. Segmentando-se os casos por área tecnológica observa-se que em todas as áreas a percentagem dos casos em que o Federal Circuit considerou óbvias aumentou em todas as áreas, com aumento maior em eletrônica, por envolver mais pedidos na área de invenções implementadas por software. Jason Ratanen observa que se um lado o argumento de TSM tem declinado, ao mesmo tempo tem aumentado a argumentação baseada no “senso comum”.[4]  
 
Jason Rantanen
 



[1] BARBOSA, MAIOR, RAMOS, op.cit. p.168, 183
[2] RICHARDSON, Elizabeth. Back to the Graham actors: nonobviousness after KSR v. Teleflex, In: TAKENAKA, Toshiko. Patent law and theory: a handbook of contemporary research,Cheltenham:Edward Elgar, 2008, p.424
[3] DURIE, Daralyn; LEMLEY, Mark. A realistic approach to the obvioousness of inventions, 2011, p. 12 http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1133169
[4] RANTANEN, Jason. The Federal Circuit's new obviousness jurisprudence: an empirical study, Stanford Technology Law Review, v.16, n.3, 2013, p.710, tabelas 2 e 4

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