Bessen e Meurer questionam a
validade da patente como fonte de informação tecnológica e apresenta os
resultados de uma pesquisa realizada nos anos 1990 junto a pequenas empresas
britânicas que mostra que apenas um sexto das empresas declararam que lêem
patentes como modo de obter informações tecnológicas. [1]
O estudo Community Innovation Survey
(CIS) realizado entre 1994 e 1996 mostra que somente 3% dos inovadores europeus
declararam usar patentes como fonte de informação tecnológica, no entanto, este
índice é maior entre aqueles que realizam mais investimentos em P&D.[2]
Para Lisa Ouellette não acredita que o papel de disseminação tecnológica pelas
patentes seja suficiente para justificar o sistema de patentes. Os críticos
argumentam que as patentes não cumprem sua função de disseminação tecnológica
por três razões: (i) as patentes contém pouco conteúdo técnico relevante, porque
tratam-se de documentos primordialmente jurídicos em que o depositante tenta
dissimular a invenção e ao contrario de uma revista científica, o texto não é
submetido a um corpo revisor de especialistas (ii) a doutrina de infração
deliberada (willful infringement) desestimula o uso de patentes como informação
tecnológica, uma vez que o conhecimento de tais patentes implica em
indenizações maiores, (iii) as patentes são mais úteis em tecnologias fáceis de
copiar, que não podem se basear na complexidade técnica ou no segredo comercial
como proteção, de modo que tais tecnologias invariavelmente já seriam
disseminadas mesmo sem as patentes. Em relação a primeira crítica Lisa Ouellette[3]
realizou entrevistas com pesquisadores em nanotecnologia dos quais apenas 20% responderam
aos questionários e que mostram dados surpreendentes quanto a relevância da
informação técnica nas patentes. Das respostas obtidas 64% dos entrevistados
apontaram que em algum momento já leram documentos de patentes e destes 70%
responderam que o fizeram para buscar informações técnicas sendo que deste
subgrupo 60% consideraram as informações relevantes. Entretanto apenas 38% dos
entrevistaram que indicaram que leram documentos de patentes disseram que as
informações dos documentos de patentes eram suficientes para que a invenção
fosse implementada. Estudos como os realizados por Cohen Wesley em 1994 mostra
que 49.1% dos entrevistados indicaram que embora as patentes sejam cotadas em
terceiros lugar como uma fonte de informações técnica das empresas, os dados
mostram que tal fonte foi considerada de relevância moderada ou muito
importante. Com relação a segunda crítica, Sean Seymore sugere que a simples
leitura de um documento de patentes não é suficiente para acionar a doutrina de
willful infringement. Segundo Paul Michel a recomendação de que não se leia
documentos de patentes com esse objetivo de escapar a indenizações maiores
parece “ridícula”. A pesquisa feita por
Lisa Ouellete demonstrou que os entrevistados não apontam tal preocupação
(apenas 3%). Com relação a terceira crítica Lisa Ouellete mostra que poucas
tecnologias são facilmente copiadas, de modo geral, a engenharia reversa
implica em custos de modo que a disseminação pela simples comercialização nem
sempre é garantida. Assim as patentes contrinuem para melhorar o acesso a
informação embora reconheça que essa função não seja suficiente para se
justificar a existência do sistema de patentes, uma vez que apenas uma minoria
de inovadores (tendo em vista que apenas 20% dos consultados responderam os
questionários) as utillizam como fonte de informação tecnológica.
[1] BESSEN, James;
MEURER, Michael. Patent Failure: How Judges, Bureaucrats, and Lawyers Put
Innovators at Risk. Princeton University Press, 2008, p. 2615/3766 (kindle
version)
[2] GUELLEC, Dominique;
POTTERIE, Bruno van Pottelsberghe de la. The economics of the european patent
system. Great Britain:Oxford University Press, 2007, p.74
[3]
OUELLETE, Lisa Larrimore. Do patents disclosure useful information ? Harvard
Journal of Law & Technology, v.25, n.2, 2012
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