quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Patente da bomba de hidrogênio

Alex Wellerstein mostra que patentes, junto com cláusulas de segredo, podem ser úteis na defesa do interesse público como meio de controle em tecnologias chave que tenham interesse para segurança nacional. Consegue-se desta forma conter a difusão deste conhecimento, o que poderia prejudicar os interesses do Estado. O projeto Manhattan, segundo o autor, produziu uma larga e agressiva estratégia de patenteamento nos processos utilizados na construção da bomba atômica, como, por exemplo, a patente US2708656 de Enrico Fermi referente ao reator nuclear [1]. Segundo Nicolas Witkowski  a patente fora depositada por Fermi e Szilard sem o conhecimento dos chefes do projeto Manhattan.[2] Leo Szilard envolveu-se em uma disputa contra o governo americano exigindo uma compensação por sua patente referente a reação nuclear em cadeia. Algumas destas patentes como a US6761862 referente ao processo de enriquecimento de urânio chegaram a permanecer 60 anos em sigilo sem publicação [3]. John von Neumann em conferência realizada nos Estados Unidos em abril de 1946 para apresentar os resultados em reações termonucleares alcançados pelo computador ENIAC revelou o conteúdo de uma patente secreta depositada em conjunto com o físico britânico (e agente soviético) Klaus Fuchs referente a um invenção de um dispositivo para iniciar uma reação termonuclear que empregava uma quantidade de material físsil adaptável para sustentar uma reação em cadeia divergente de nêutrons. Segundo o historiador Jeremy Bernstein: “John von Neumann e  Klaus Fuchs produziram uma invenção brilhante em 1946 que poderia ter mudado o curso do desenvolvimento da bomba de hidrogênio, mas que não foi totalmente compreendida até que a bomba tivesse sido fabricada de forma bem sucedida”.[4]


O húngaro John von Neumann [5]




[1] MONTOBBIO, Fabio. Intellectual property rights and knowledge transfer from public research to industry in the US and Europe: which lessons for innovation systems in developing countries? In: The economics of intellectual property: suggestions for further research in developing countries and countries with economies in transition, WIPO, 2009, p. 203. 
[2] WITKOWSKI, Nicolas. Uma história sentimental das ciências. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 2004, p.189
[3] KESTENBAUM, David. The rush to patent the atomic bomb. http: //www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=89127786.
[4] Bernstein, Jeremy (2010). "John von Neumann and Klaus Fuchs: an Unlikely Collaboration". Physics in Perspective 12: 36.; DYSON, George. Turing's cathedral: the origins of the digital universe. Penguin 2012, p.4347/8746
[5] http://en.wikipedia.org/wiki/John_von_Neumann#cite_note-Bernstein2010-52

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