Com relação ao gênero, estudos
mostram que a invenção é um universo predominantemente masculino. Waverly Ding
da Universidade da Califórnia, Fiona Muray do MIT e Tony Stuart da Harvard
Business School realizaram estudo com uma amostra de cerca de 400 cientistas
nos Estados Unidos no período de 30 anos. [1] O estudo mostrou que 6 por
cento das 903 mulheres no grupo produziram apenas 92 patentes. No entanto, 13
por cento dos 3324 homens na amostra depositaram 1286 patentes, ou seja, os
homens depositaram 14 vezes mais patentes que suas colegas cientistas. Marta
González Garcia argumenta que no passado, a legislação de patentes em muitos
casos restringia o direito de propriedade das patentes às mulheres, o que
levava a que fossem apresentados os nomes do pai ou marido como responsável
pelas invenções feitas pelas mulheres, tornando difícil o registro estatístico
das invenções realizadas [2]. No
estudo sobre o uso do sistema de patentes na Inglaterra dos séculos XVII e
XVIII Christine MacLeod observa que menos de um por cento dos inventores
detentores de patentes são mulheres.[3]
Julia Hall irmão mais velha de Charles Hall inventor do processo eletrolítico
na produção do alumínio e fundador da Alcoa teve um papel importante na
invenção, mas seu papel foi diminuído pelos contemporâneos e historiadores.[4]Um
estudo da OMPI mostra que em 2015 cerca de 29% dos pedidos PCT apresentam ao
menos uma inventora enquanto que em 1995 este índice era de 19%. Esta
participação varia bastante em função do país, com a Coreia (50%) e China (49%)
tendo a maior participação feminina seguida de Polônia (40%), spanha (35%) e
Cingapura (34%). A maior participação feminina se observa em biotecnologia
(58%), farmacêuticos (55%), química fina orgânica (54%), química de alimentos
(51%) enquanto que mecânica (11%), transporte (13%) e motores (15%) são as
menos procuradas pelas mulheres. [5]
David J. Munroe (Columbia
University), Jennifer Hunt (Rutger University), Hannah Herman e Jean-Philippe
Garant (McGill University), mostraram que menos de 13% das patentes tem uma
mulher entre os inventores nos países desenvolvidos (12,3% na Espanha; 10,3%
nos EUA; 10,2% na França; e 4,7% na Alemanha, segundo dados de outros
pesquisadores).[6]
Segundo os autores, se essas diferenças fossem resolvidas, isso significaria um
aumento imediato no PIB per capita americano de 2,7%. Dan Burk mostra que dos
países europeus a Espanha é o que
apresenta maiores índices de inventoras entrre as patentes concedidas com 7.5%
do total em 1991 e 14.2% em 2005. O setor tecnológico com mais patentes de
mulheres é o farmacêutico, enquanto que engenharia mecânica e elétrica são os
que detém os menos índices de inventoras mulheres entre as patentes concedidas.
[7]
[1] MACLAY,
Kathleen. Study addresses gender, patents in academia. http:
//www.universityofcalifornia.edu/news/article/8384.
[2] GARCIA, Marta González; SEDEÑO, Eulalia
Pérez. Ciência, tecnologia e gênero. In: SANTOS, Lucy Woellner dos;
ICHIKAWA, Elisa; CARGANO, Doralice. Ciência, tecnologia e gênero.
Londrina: IAPAR, 2006, p. 39.
[3] GRIFFITHS, D. The
exclusion of women from technology In: FAULKNER, Wendy; ARNOLD, Erik. Smothered by invention: technology in
women’s lives, London, 1985. Cf. MacLEOD, Christine. Inventing the industrial
revolution: the english patent system, 1660-1800, Cambridge:Cambridge
University Press, 1988 p.225; McGaw. Judith. Inventors and other great women:
toward feminist history o technological luminaries, T&C 38 (1977),
p.214-231; STANLEY, Auntumn, Once and uture power: women as inventors. Women’s
studies International forum, v.15 (1992), p.193-202; McDaniel,, Susan. Mothers
of invention ? meshing the roles of inventor, mother and worker, Women’s
studies International forum, v.11 (1988), p.1-12 cf. MacLEOD, Christine. Heroes
of invention. technology, liberalism and british identity 1750-1914, Cambridge
University Press, 2007, p.26
[4]
MOKYR, Joel. The lever of riches: technological creativity and economic
progress, New York:Oxford University Press, 1990, p.175
[6] Jennifer Hunt,
Jean-Philippe Garant, Hannah Herman, David J. Munroe, Why Don't Women Patent?,
NBER, 2012 http://www.nber.org/papers/w17888
[7] Dan L. Burk, Do
Patents Have Gender?, 19 American University Journal of Gender, Social Policy
& the Law 881-919 (2011) available at http://digitalcommons.wcl.american.edu/jgspl/vol19/iss3/6/
cf. IP-WATCHDOG, 05/12/2014
http://www.ip-watch.org/2014/12/05/wipo-seminar-discusses-intellectual-property-and-gender/
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