Economistas como Marx, Schumpeter e Solow apontaram o papel das inovações tecnológicas
no desenvolvimento econômico dos países. Para Marx, a história humana é o
resultado da interação dialética entre as forças e as relações de produção, a
luta de classes. É através das inovações tecnológicas que os capitalistas estão
constantemente revolucionando os meios de produção e se apropriando do
excedente produtivo que eles expropriam dos trabalhadores.
Schumpeter escrevendo nos
anos 1920 e 1930, em uma época em que o capitalismo apresentava sinais claros
de enfraquecimento face às recessões mundiais e guerras, retoma uma filiação
teórica às concepções marxistas do progresso técnico tentando explicar as
crises cíclicas do capitalismo colocando a inovação tecnológica como elemento
central da dinâmica capitalista. As inovações são, portanto, elementos
decisivos na história econômica para o sistema capitalista [1]. Para Schumpeter uma economia dinâmica não é
a que se encontra em equilíbrio, mas a que sofre rupturas provocadas por
inovações tecnológicas [2].
Mesmo economistas
neoclássicos já reconhecem o papel central da inovação tecnológica no
desenvolvimento econômico. Robert Solow em 1957, em estudo com o qual obteve o
Prêmio Nobel, reconheceu um papel central do progresso técnico no
desenvolvimento econômico norte-americano, ao mostrar que o crescimento do PNB
per capita tem dependido muito mais do aumento da produtividade dos recursos do
que do uso de mais recursos [3]. No modelo de Solow há uma função de produção
econômica em que o produto é uma função da quantidade de capital físico e
trabalho humano. Solow descobriu que 90% da variação da produção econômica não
poderiam ser explicados nm pelo capital nem pelo trabalho, mas do que ele
chamou de “mudança técnica”[4].
Para Solow[5]
este incremento não poderia ser explicado pelo aumento de população, nem
tampouco pelo crescimento do capital.[6]
Tomando o período de 1909 a 1949 Solow estima que o crescimento econômico
observado nos Estados Unidos pode ser atribuído com relação a fatores como
capital (21%), trabalho (24%) e progresso técnico (51%). Denison tomando um
período mais recente (1929 a 1982) atinge índices próximos, respectivamente
19%, 26% e 46%. [7] Essa diferença entre o
crescimento real do produto e o crescimento do produto que teria ocorrido
levando-se em conta apenas os aumentos de recursos, ficou conhecido como “resíduo
de Solow”, atribuível, portanto, em grande parte à inovação tecnológica [8] ou conhecimento útil embora não apenas a
tecnologia patenteada. No modelo de Solow o crescimento econômico depende da
taxa de crescimento do capital, do trabalho e das inovações tecnológicas. Paul
Romer demonstra que o conhecimento útil, o maior componente no resíduo de Solow
e, portanto, o componente mais importante para o aumento da riqueza nacional,
por ser um bem não rival não se acumula por si mesmo, mas como resultado das
decisões tomadas pelos indivíduos que buscam alguma vantagem econômica.[9]
A partir dos anos 1980, os economistas neo
schumpeterianos, entre os quais Freeman, Perez, Nelson, Winter, Dosi, entre outros, trouxeram
novamente o papel das inovações tecnológicas como elemento central para
entendimento da dinâmica capitalista. No
entanto, ao contrário de Solow que enfatiza predominantemente o papel dos gastos da
economia produtiva em P&D, os economistas evolucionistas trabalham com o
conceito de um sistema nacional de inovação, uma abordagem mais amplas de
fatores que impactam na inovação. Segundo Paulo Tigre [10]: “do ponto de vista
empresarial, as empresas mais dinâmicas e rentáveis do mundo são justamente
aquelas mais inovadoras, que, em vez de competir em mercados saturados pela
concorrência, criam seus próprios nichos e usufruem de monopólios temporários
por meio de patentes e segredo industrial”.
Robert Solow [11]
[1] SZMRECSÁNYI,Tamás . A herança schumpeteriana in. Economia
da inovação tecnológica, PELAEZ, Victor; SZMRECSÁNYI,Tamás, São Paulo:
Hucitec, 2006, p. 131.
[2] IDRIS,
Kamil. Intellectual
property, a power tool for economic growth. Geneva: WIPO, 2003, p. 26.
[3] ROSEMBERG.op.
cit.49.
[4]
MAZZUCATO, Mariana. O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor
público vs. setor privado, São Paulo:Portfolio Penguin, 2014, p.64
[5]
WARSH, David. Knowledge and
weath of nations: a story o economic Discovery, New York:W.W.Norton, 2006
[6] ROSEN, William. The most powerful
idea in the world: a story of steam, industry and invention. Randon House,
2010, p. 4359/6539 (kindle edition)
[7] cf. JARBOE, Kenan; ATKINSON,
Robert. Progressive Policy Institute, Briefing, June 1, 1998, The Case for
Technology in the Knowledge Economy R&D, Economic Growth, and the Role of
Government http://www.dlc.org/print085b.html?contentid=1502
[8] IDRIS.op.
cit. p. 27.
[9] ROSEN, William. The most powerful
idea in the world: a story of steam, industry and invention. Randon
House, 2010, p. 4434/6539 (kindle edition)
[10] TIGRE, Paulo Bastos. Gestão da Inovação: a economia da
inovação no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2006, p. vii.
[11] http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Solow
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