sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Os limites do problema solução

T1761/12 OJ 2018 discute a patente de um processo de conexão de um chip em uma antena de um cartão inteligente sem contato em que a divisão conclui pela falta de atividade inventiva. O processo reivindicado se distingue do estado da técnica D2 pelo fato de que a antena é obtida pela impressão de uma tinta condutora menos cara para produzir a dita antena de alumínio. No entanto D3 já mostra a substituição de trilhas metálicas por tintas condutoras para redução de custos de fabricação deste tipo de cartões. A substituição dos condutores metálicos em alumínio em D2 por uma tira condutora como presente em D3 tornam obsoletos os pontos de contato presentes em D2. Toda o debate se concentrou na questão de saber se o técnico no assunto teria combinado D2 com D3 de modo a preservar os pontos de contato. A principal função em D2 é facilitar a penetração através da camada de óxido de alumínio que se forma na superfície das trilhas de alumínio, agora ausentes. O titular argumentou que o técnico no assunto ao combinar D2 e D3 teria optado por uma tinta condutora suprimindo os pontos tornados supérfluos e desta forma não teria chegado na invenção. A Câmara de Recursos por sua vez entendeu que D2 descreve detalhadamente as razões para a presença dos pontos de contato, tornados necessários por causa da camada de óxido que constitui um obstáculo à passagem de corrente. O técnico no assunto reconheceria que a utilização do alumínio e a presença dos pontos de contato estão intrinsicamente ligados de modo que o abandono do alumínio teria levado a eliminação de todas as características decorrentes do mesmo, tais como os pontos de contato. Ainda que D2 enfatize a vantagem do uso dos pontos de contato em termos de coesão, esse efeito não pode ser levado em conta para se concluir pela manutenção de tais pontos uma vez que não diz respeito ao problema técnico objetivo original. Segundo a Câmara de Recursos não se trata de uma solução óbvia: “a abordagem problema solução conduz a questionar o que o técnico no assunto teria empreendido para resolver o problema técnico objetivo e apenas este. Toda reflexão adicional complementar que consiste em se interrogar, em seguida, sobre a relevância que tais modificações implicam para o estado da técnica mais próximo [...]  conduz, em realidade, à integrar ao problema objetivo inicialmente definido com elementos relevantes de outros problemas a serem resolvidos [..] tal abordagem conduziria, portanto, a uma extensão além do quadro inicial definido pela abordagem de problema solução, e deve, por este motivo, ser descartada”.

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