terça-feira, 12 de março de 2019

Patente da farinha TEFF


Em EP1646287 foi concedida patente em 2007 para a Health and Performance Food International para farinha de teff e de seus derivados (como panquecas, bolos, pão). A empresa fez um acordo com o Instituto de Conservação da Biodiversidade da Etiópia para comercializar a patente na Europa, no entanto, em 2009 a empresa foi á falência. O Ethiopian Intellectual Property Office, gabinete do governo da Etiópia encarregado das questões de propriedade intelectual, anunciou em 2018 ações legais e diplomáticas no esforço de recuperar o controle sobre o grão e seus subprodutos. Com a patente em vigor na Europa as empresas etíopes ou de outros países estão impedidas de exportar produtos à base de teff que estão cobertos pela patente para países europeus ou fabricar esses produtos nesses países. A revogação da patente europeia reivindicada pela Etiópia propiciaria que o país fornecesse o produto legalmente ao mercado europeu, criando oportunidades de comércio.[1] A Corte holandesa de Haia em novembro de 2018 decidiu em AncientGrain v. Bakels Senior em favor da Etiópia autorizando a importação uma vez que não havia contrafação com as duas patentes em vigor na Holanda NL977 e NL978 de processamento da farinha Teff tendo em vista a falta de atividade inventiva de tais patentes por ser de conhecimento público na Etiópia. Chijioke Okorie sugere que para se preservar o interesse de investidores em biotecnologia e os detentores de conhecimentos tradicionais [2] poderia haver um mecanismo de obrigar a notificação a um órgão internacional sempre que os acordos de compartilhamento de acesso forem executadosde modo que os pedidos de patente relativos a recursos genéticos mostrem certificação do organismo internacional de que as reivindicações na patente não estão cobertas por nenhum acordo de compartilhamento de acesso. Usando o exemplo Teff, a Etiópia teria notificado um órgão internacional, a WIPO, que um acordo de compartilhamento de acesso foi executado com relação ao seu grão Teff. A Ancientgrain, ao depositar seu pedido de patente, precisaria mostrar um certificado da WIPO confirmando que suas reivindicações no pedido de patente não estão cobertas pelo acordo de compartilhamento de acesso, não havendo contrafação.



[1] https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/07/06/Por-que-os-et%C3%ADopes-reivindicam-uma-comida-patenteada-pelos-holandeses
[2] http://ipkitten.blogspot.com/2019/02/dutch-court-rules-that-patents-based-on.html

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