Nuno Carvalho observa que a invenção
não pode ser caracterizada apenas por se constituir a solução de um problema
técnico. É importante se destacar o fato de ser resultado da intervenção humana
na natureza: “pois a natureza também
realiza seus próprios avanços técnicos – são estes que fazem a evolução das
espécies. A natureza, em sentido amplo, também cria, ao gerar mutações em
reação ao meio hostil e ao selecionar aquelas que são mais eficientes”.
Nuno Carvalho cita como exemplo os fios de teias de aranhas que muito se
aproximam dos têxteis sintéticos produzidos pelo homem. [1]
Uma disposição de fios em um tecido sintético que fosse encontrada em teias de
aranha teria condições de patenteabilidade, da mesma forma que muitas invenções
do homem utilizam princípios encontrados na natureza. Outro exemplo são
engrenagens encontradas nas pernas de insetos do gênero Issus e utilizadas para
se conseguir grandes saltos. O mecanismo foi descoberto por cientistas da
Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que analisaram em microscópio o pequeno
inseto, muito comum em jardins da Europa.[2]
Karl Marx, contudo delimita um critério de diferenciação entre o trabalho
realizado por um homem e um animal: “Uma
aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e uma abelha envergonha
muitos arquitetos com a estrutura de sua colmeia. Porém, o que desde o início
distingue o pior arquiteto da melhor abelha é o fato de que o primeiro tem a colmeia
em sua mente antes de construí-la com a cera. No final do processo de trabalho,
chega-se a um resultado que já estava presente na representação do trabalhador no início do processo, portanto, um resultado que já existia idealmente [...]
Além dos esforço dos órgãos que trabalham, a atividade laboral exige a vontade
orientada a um fim, que se manifesta como atenção do trabalhador durante a
realização de sua tarefa”[3]
[1]
CARVALHO, Nuno. A estrutura dos sistemas de patentes e de marcas: passado.
presente e futuro. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2009, p.80
[2]
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/09/inseto-utiliza-engrenagens-nas-pernas-para-realizar-saltos-veja-video.html
[3] MARX, Karl. O capital, livro I: o processo de produção do capital,São
Paulo:Boitempo, 2013, p.255
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