John
Bernal em Science and Industry in the
19th century de 1953 observa que o desenvolvimento das indústrias química e
de eletricidade exigiu uma maior interação com a ciência em laboratório. A
indústria de corantes sintéticos alemã foi pioneira na instalação de
laboratórios internos de P&D nas empresas em 1870, uma prática que se
difundiu por outras empresas no mundo como Kodak (1895), General Electric
(1900) ou DuPont (1902) marcando o fim da fase heroica das invenções.[1]
No início da década de 1800 Wilhem von Humboldt foi nomeado Ministro da
Educaçao da Prússia e iniciou um ambicioso programa de educação em especial a
universitária transformando-as em centros de pesquisa.[2]
A Bayer contratou o químico Carl Duisberg que inventou três novas tinturas
mantendo contatos com o departamento de química das Universidades de Berlim e
Wurzburg. Um novo laboratório foi montado em 1890 com investimentos de 750 mil
libras. [3]
Justus Liebig que se formara na Ecole Central de Paris[4]
inaugurou em 1826 um laboratório de pesquisa química em Geissen. John Ziman
observa que a indústria alemã de corantes prosperou na década de 1870 quando as
empresas contrataram cientistas em seus laboratórios de pesquisa embora tais
laboratórios ainda não se equiparassem aos universitários por exemplo os de Von
Bayer ou Hoffman.[5] O
modelo de Liebig se difundiu com seus estudantes entre os quais Hoffman que
montou um centro de pesquisa no Royal College of Chemistry em Londres.[6]
O modelo alemão de interação das universidades com empresas privadas
difundiu-se na Inglaterra, França e Estados Unidos[7].
Na Inglaterra muitos laboratórios se estabeleceram com auxílio de fundos
privados como o Cavendish Laboratory em Cambridge com recursos do duque de
Devonshire o laboratório de química do Royal Institute que recebeu fundos de
Ludwig Mond. Estima-se que nos fins do século XIX as universidades inglesas
tenham recebido algo em torno de 200 mil libras por ano em dotações privadas a
maior parte de industriais, contudo este fluxo de recursos embora significativo
representava apenas 1/20 do recebido pelas universidades norte americanas que
recebeu aportes de empresários como Johns Hopkins, Ezra Cornell, Andrew
Carnegie e John Rockfeller.[8]
Laboratórios de pesquisa foram adotados pela Du Pont (1902), AT&T (1910),
Eastman Kodak (1912) e Westinghouse (1916).[9]
Laboratório
de Justus von Liebig na Universidade de Giessen [10]
[1] FREEMAN, Chris; SOETE,
Luc. A economia da inovação industrial, São Paulo:Ed. Unicamp, 2008, p.132
[2]
MOSLEY, Michael.Uma história da ciência. Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 203
[3] HENDERSON, William. A
revolução industrial, São Paulo:Edusp, 1979, p.53
[4] INKSTER, Ian. Science
and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 156
[5] ZIMAN, John. A força do
conhecimento, São Paulo:USP, 1981, p.81
[6] INKSTER, Ian. Science
and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 93
[7] INKSTER, Ian. Science
and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 99
[8] INKSTER, Ian. Science
and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 111, 253
[9] INKSTER, Ian. Science
and technology in history, London:MacMillan, 1991, p. 113
[10] CANEDO, Letícia
Bicalho. A revolução industrial. Série: Discutindo a história, São Paulo: Ed.
Univ Campinas, 1987, p.46; HENDERSON, William. A revolução industrial, São
Paulo:Edusp, 1979, p.54
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