sexta-feira, 6 de março de 2015

Excesso de reivindicações

Segundo o Ato Normativo 127/97 item 15.1.3.2.1.b e Instrução Normativa nº 30/2013 artigo 5° inciso 2: “Cada reivindicação independente deve corresponder a um determinado conjunto de características essenciais à realização da invenção, sendo que somente será admitida mais de uma reivindicação independente da mesma categoria se tais reivindicações definirem diferentes conjuntos de características alternativas e essenciais à realização da invenção, ligadas pelo mesmo conceito inventivo. Nos casos em que o requerente pleiteie um novo medicamente e apresente diversas reivindicações independentes de uso, cada qual considerada inventiva, estas poderão ser admitidas por serem consideradas alternativas e unidas pelo mesmo conceito inventivo. Nos Estados Unidos John Robb observa que embora o depositante possa elaborar um quadro reivindicatório com reivindicações amplas e restritas para melhor se proteger isso não confere o direito de ter concedida uma patente com diversas reivindicações que pleiteiam o mesmo objeto, e cita como exemplo US1160071 com 797 reivindicações ou US1043882 com seis páginas de relatório descritivo e trinta e nove páginas de reivindicações[1]. John Robb cita casos em que as Cortes condenam quadro reivindicatórios prolixos que tem como objetivo “constranger o inventor e induzir ao erro o público”. A Suprema Corte em Carlton v. Bokee conclui: “quando o relatório descritivo por ambiguidade e um desnecessário multiplicação de reivindicações nebulosas é feita com intuito de enganar o público, a patente é nula”. A Corte Federal em Benjamin v. Dale condenou o número excessivo de reivindicações que tem como objetivo “simplesmente tornar trabalhosa a interpretação das reivindicações”. As Cortes inglesas seguindo a doutrina em Carlton v. Bokee em Linotype and Machinery Ltd v. Hopkins conclui: “o réu depositou um relatório descritivo que mais parece um tratado por sua extensão, que contém nada menos do que 60 reivindicações, onde há uma infinita redundância e repetição e referência constante aos desenhos que não são simples de acompanhar. Em seu conjunto trata-se de um documento que necessita  um estudo penetrante e prolongado de modo que alguém possa entender o problema a que se propõe resolver a invenção nesta classe de indústria que ela se encontra de modo que possam estar livres do risco de infração [...] Em outras ocasiões eu já observei uma tendência de se elaborar descrições e reivindicações que são verdadeiros quebra cabeças a desafiar um estudante e a amedrontar homens de negócios com medo de terem uma interpretação errônea e assim possam se encontrar acusados de infração. Isto é um abuso da lei e que deve ser verificado, se a ocasião assim ocorrer, pelo simples processo de se declarar a patente inválida”.[2]



[1] ROBB, John. Patent essentials for the executive, engineer, lawyer and inventor, New York: Funk & Wagnalls Co., 1928, p.190
[2] ROBB, John. Patent essentials for the executive, engineer, lawyer and inventor, New York: Funk & Wagnalls Co., 1928, p.203

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