A legislação da União Europeia da Diretiva 2004/48/EC do
Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de abril de 2004 reforçou os direitos de
propriedade intelectual (a Diretiva de Reforço PI) visando harmonizar os vários
sistemas legislativos de modo a garantir a homogeneização da proteção dos
direitos de propriedade intelectual na Europa [1]. Contudo, em discussão na
Conferência Intergovernamental em Paris em 1999, o Acordo Europeu de Litígio de
Patentes (EPLA), não teve sucesso em instaurar um sistema de litígio que previa
a criação de um Tribunal de Patente Europeu como órgão independente da EPO com jurisdição sobre a validade e infração das patentes europeias.
Em março de 2011 a Court of Justice of the European Union (CJEU)
rejeitou proposta para um sistema de litígio unificado assim como a criação de
uma Corte Comunitária de Patentes por considerar a proposta incompatível com as
disposições do Tratado da União Europeia [2]. Tais dificuldades iniciais,
contudo, foram superadas e a expectativa é que a patente unitária entre em
vigor em 2022.
As dificuldades quanto à necessidade de tradução da patente
europeia para os diferentes idiomas locais de cada país foram objeto de
discussão no Acordo de Londres. No
sistema atual a patente EP B1 para ser validada no país deverá ser acompanhada
de respectiva tradução do pedido de patente completo e atender as formalidades
legais. O texto oficial, contudo, é o apresentado em inglês/francês/alemão do
pedido EP B1, porém o Artigo 70 (4b) da EPC prevê ressalvas contra eventuais
erros de tradução que levem a terceiros de boa-fé a iniciar a produção sem
saber que o dito objeto está protegido pelo texto autêntico em
inglês/francês/alemão [3]. O acusado de contrafação tem a prerrogativa pelo artigo 2º do Acordo de Londres
de solicitar ao titular da patente uma tradução da mesma na língua oficial do
Estado em que ocorre a suposta contrafação.[4]
O objetivo do acordo é o de permitir que os cidadãos e as empresas
europeias que queiram obter patentes em cada país da Comunidade Europeia possam
fazê-lo com custos substancialmente reduzidos, através da supressão de
exigências relacionadas com a tradução das patentes europeias para diferentes
idiomas. O Acordo de Londres permite que
as empresas europeias que queiram, por exemplo, investir em Portugal apenas
tenham que apresentar o quadro reivindicatório do pedido da patente europeia em
português. A adesão de Portugal ao Acordo de Londres foi aprovado pela Conselho
de Ministros em outubro de 2010. O Acordo de Londres foi assinado em 2000 por
10 países da Organização Europeia de Patentes (OEP) e tem como objetivo tornar
o sistema europeu de proteção de patentes mais competitivo, através da redução da
carga burocrática e dos custos associados às traduções exigidas nos países da
OEP. Estima-se que com o Acordo de Londres haja uma redução de 15 a 20% dos
gastos a título de traduções porque dispensa o titular da tradução integral do
documento de patente. [5] Donald Chisum estima em
40% os custos com tradução pelo sistema anterior ao Acordo de Londres.[6]
[1] ROOX, Kristof. Barreiras relacionadas à patente para entrada de medicamentos
genéricos no mercado na União Europeia: uma revisão das franquezas no atual
sistema de patente europeu e seu impacto no acesso de medicamentos genéricos no
mercado. mai. 2008, p. 17 http: //www.progenericos.org.br/ProGenerico_Livro.pdf.
[2] CJEU rejects unified patent litigation system . mar.2011. http: //www.marks-clerk.com/uk/attorneys/news/newsitem.aspx?item=371.
[3] CORNISH, William, LLEWELYN, David. Intellectual property: patents,
copyright, trademarks and allied rights. London: Sweet&Maxwell, 2007.
p. 149.
[4] CHISUM, Donald; FARMER, Stacey. Lost in translation: the legal impact
of patent translation errors on claim scope. In: TAKENAKA, Toshiko. Patent law
and theory: a handbook of contemporary research,Cheltenham:Edward Elgar, 2008,
p.303
[5] MARCELINO, João; ROCHA,
Manuel Lopes. Invenções e Patentes. Lisboa:IAPMEI, 2009, p.87
[6] CHISUM, Donald; FARMER, Stacey. Lost in translation: the legal impact
of patent translation errors on claim scope. In: TAKENAKA, Toshiko. Patent law
and theory: a handbook of contemporary research,Cheltenham:Edward Elgar, 2008,
p.302
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