segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Seminário FIRJAN 2019 - Competitividade, produtividade e propriedade intelectual


Angela Flores Furtado, INMETRO
O objetivo do INMETRO é o der ser a medida certa para contribuir para produtividade e competitividade da indústria. A marca é uma das origens da rastreabilidade e nesse sentido estamos atuando pari passu com o INPI, cujo presidente por coincidência tem o mesmo sobrenome que eu.

Cláudio Furtado, INPI
A ideia deste evento é reunir colaboradores para discutir o tema da produtividade. Em 1970 fui preso pelo DOPS pelo AI-5 por ter feito meu discurso de formatura. Não fui torturado, mas óbvio que o discurso não foi feito por ter termos subversivos à ordem. Nunca fui comunista, mas tive colegas de turma que participaram desses movimentos. Sempre tive uma linha democrática e liberal, mas isso naquele contexto era considerado subversivo, mas hoje não é mais. Hoje é o dia D do INPI, nosso desembarque na Normandia, pelo combate aquilo que causa prejuízos bilionários à sociedade brasileira. É por isso que estamos aqui. Este evento é para vocês colaboradores e examinadores combatentes que são. Queremos mostrar que essa guerra é justa e pretendemos mostrar isso aqui.   Existe uma cultura presente na sociedade e no INPI de que o INPI concede monopólios, mas isso não é correto. O direito de exclusão de uma patente não é um monopólio. O secretário Cesar Matos irá falar sobre isso que temos instituições que combatem monopólios e a patente não é um monopólio. O custo social do backlog é de bilhões. Felizmente eliminamos o backlog de marcas. Eu convidei para esta reunião não apenas o INMETRO, mas os ex presidentes do INPI porque sei que esta não é uma luta minha mas que todos eles fizeram nos seus mandatos. Hoje dado o apoio do secretário Carlos da Costa e o apoio irrestrito do ministro Paulo Guedes temos um conjunto de forças políticas que permitam esta solução, estamos portanto, continuando uma linha. Devo destacar o avanço na aprovação do protocolo de Madrid que teve grande apoio de Graça Aranha em sua gestão e que esperamos ver com Diretor da OMPI. O Plano PI Digital assinado ontem no MDIC e coordenado pelo nosso auditor chefe e supervisionado por Pedro Burlandy estará em cerca de um ano no toque de um celular em funcionamento. Estamos convencidos de que estamos fazendo uma continuidade de um trabalho que encontrou no atual executivo e legislativo condições de se viabilizar. Vamos transformar a marca do INPI, sua percepção pública e social perante a sociedade. Esta reunião é um chamado para luta.

Secretário Adjunto do MDIC, Igor Calvet
Quero acreditar que nesta luta somos os aliados nesse desembarque a Normandia, nessa ampla coalizão pró país. A razão de estarmos aqui além do apoio ao INPI é comunicar aos servidores do INPI qual é nossa visão. Entendo que somos servidores públicos cujo objetivo final é aumentar o bem estar da população. Todos temos de remar na mesma direção. Os servidores é fundamental que embarquem nesse projeto, precisamos trazer o corpo funcional para esta estratégia. Sem a equipe é muito difícil. Queremos convocar o corpo do INPI para abraçar esta causa.  A produtividade brasileira cresce muito pouco desde a década de 1980. Se antes tínhamos 40% da produtividade do trabalhador dos EUA hoje temos 25%. Outros países como Coreia do Sul crescem produtividade em um ritmo bem maior que o brasileiro. Não se trata de um problema setorial, mas horizontal. Um livro recente do IPEA da Fernanda Negri sobre produtividade mostra que o Brasil se distanciou daqueles países com maior produtividade. A Secretaria está voltada basicamente par atacar o problema da baixa produtividade. A baixa escolaridade é um gargalo para aumentarmos nossa produtividade, insegurança jurídica, infraestrutura, pouca competição, são outros fatores a considerar.  Estamos trabalhando numa estratégia de qualificação profissional entre outros vetores de atuação. Precisamos olhar a concessão de patentes como indutores desse aumento de produtividade. Precisamos tirar as amarras que prendem nossos empreendedores e vocês examinadores tem um papel importante nesta tarefa. O Plano de Ataque ao Backlog se insere nesse contexto maior. É importante escutar os servidores e é interessante a experiência do INMETRO nesse sentido, fica como sugestão adotar um plano similar ao adotado pelo INMETRO. O INPI tem que estar dentro da estratégica da indústria 4.0 que se aproxima, ele precisa fazer parte desse processo que é bastante ágil. As instituições tem que estar preparadas para este futuro. Os servidores estão convocados para fazer parte das forças aliadas nesse processo. Nada adianta se este trabalho não contar com o apoio da base. Eu já estive com a AFINPI e conheço os pleitos para aumentar os quadros do INPI. As medidas tomadas buscam um reposicionamento institucional do INPI. Temos de repensar a forma com as Instituições estão formatadas. Reduzimos o número de Secretarias, reduzindo em 35% os cargos comissionados. Eu reclamei, mas não adiantou muito porque a ordem é reduzir o tamanho do Estado. Não tem segredo, não tem dinheiro, não tem arrecadação logo não tem como gastar. Temos de dar nossa cota de contribuição para isso. Não haverá espaço para concursos públicos nos próximos anos. Isso não significa que o INPI não seja importante, muito pelo contrário. É um esforço de racionalização maior e eu preciso ser muito claro sobre isso.

César Mattos secretário da SEAE – Secretaria de Acompanhamento Econômico
Há uma aparente contradição entre propriedade industrial e concorrência. A economia lida com tradeoffs e a propriedade industrial busca combater falhas de mercado na apropriabilidade das inovações. Quando se pensa no processo de destruição criativa segundo Schumpeter temos o sistema de patentes totalmente convergente com o objetivo de corrigir tais falhas concorrenciais. Podemos fazer o maior balanço de perdas e ganhos neste tradeoff. Na LPI temos a licença compulsória como um instrumento de compensação, precisamos definir a situação de abuso de forma equilibrada. Licença compulsória é um instrumento de exceção. São frequentemente concedidas no mercado farmacêutico nos EUA com condição para a aprovação de fusões, por exemplo, no caso Cephalon e Cima de 2004 ou com a Ciba Geigy e Santos em 1996 ao formar a Novartis, a aquisição da Eon pela Novartis em 1996. No Brasil houve um caso de marcas da Sanofi. O caso CADE que envolveu desenhos industriais na área de autopeças da Volskswagen, Fiat, Ford com um efeito lockin que se estendia para o setor secundário das autopeças. Na conclusão final o CADE conclui que não relativizaria a aplicação dos direitos de PI no setor de autopeças. Há casos também de sham litigation e uso abusivo das patentes. As diretrizes Antitrust Guidelines for the Licensing of Intellectual Property do FTC e DOJ estabelecem os critérios para atos de concentração. Há uma aparente contradição entre propriedade industrial e concorrência quando na verdade elas se complementam. A propriedade industrial não cria poder de mercado e isto fica claro nestas diretrizes. Patentes em geral são vistas como pró competitivos.  Só se for usado de forma predatória é que a patente irá inibir a concorrência. Se um direito de PI confere poder de mercado que seja tão somente uma consequência de um produto superior isso não viola a regra de concorrência.

Paulo Afonso, ex presidente do INPI
Em 1972 montei a primeira agência do INPI no Rio Grande do Sul. Fui presidente de 1979 a 1982. Os problemas do INPI são os mesmos. O secretário disse que não haverá novas contratações e este sempre foi o calcanhar de Aquiles do INPI. Quando tentamos fazer um trabalho de aceleração de processos sempre reduzimos uma pilha e criamos outro. Usando da metáfora colocada temos de usar as armas disponíveis. Eu tive o prazer de participar do anteprojeto da LPI e por minha sugestão foi colocado o artigo 239 da LPI, mas por alguma questão burocrática esta obrigação de autonomia do INPI não foi implementada. Meus parabéns por reunir os ex presidentes. Ninguém tem intenção de barrar soluções, esse momento é único e nesse momento que o governo busca uma nova visão internacional é oportuna essa discussão. O olhar do Secretário é importante e tenho a tristeza de dizer que estamos parados há 40 anos nessa área.

José Graça Aranha, ex presidente do INPI
Há pouco mais de 20 anos assumi a presidência do INPI em um momento diferente do que vivemos e vejo que o momento atual é uma oportunidade única. O dia D do INPI em que ele consegue se reinventar, com apoio do governo e Congresso e a conscientização que a propriedade intelectual é benéfica para o país. Outros INPI no exterior passaram por problemas similares. Esta é uma chance grande que o INPI tem para melhorar sua imagem e seus funcionários tenham orgulham de trabalhar no INPI. Esta é uma demanda da sociedade e não apenas dos usuários de marcas e patentes.

Jorge Ávila, ex presidente do INPI
Fiquei muito contente com tudo o que ouvi até agora. A PI muitos anos foi vista como vilã. Havia uma disputa ideológica contra a PI. Brigamos muito para criar a Academia do INPI para trazer elementos que trouxesse a sociedade uma melhor compreensão da PI. Há vários sinais de que esta percepção está melhorando. Havia uma incompreensão grande da PI que acho que agora se desfez. O que nos últimos 20 anos emperrou os acordos internacionais, por exemplo, o capítulo 8 da Alca, foi a PI, e se você analisa aquilo não tem nada demais. Os sinais de agora são muito alvissareiros. Espero que a casa apoie e que o INPI venha a ser a instituição exemplo que queremos que ele seja.

Luiz Otávio Pimentel, ex presidente do INPI
Quando chegamos a esse momento tão importante fruto do trabalho de várias gestões é de fato um momento especial. Quando falamos de PI a palavra chave é que ela seja um elemento da concorrência leal. Parabéns a todos os servidores. O INPI apesar das necessidades de pessoal e plano de carreira é uma equipe extremamente profissional e altamente respeitável. Temos um momento ímpar para virar essa página da demora do exame. Esta iniciativa da atual gestão dá uma contribuição importante.

Cláudio Furtado, presidente do INPI
Com toda a humildade de seis meses de experiência em PI quero aqui me colocar como um aprendiz e aprender com pessoas como vocês ex presidentes que construíram esta instituição e quero que esta presença de vocês seja permanente no INPI. Um Comitê de Supervisão será integrado por ex presidentes e personalidades da indústria a quem pretendemos prestar contas permanentemente. Este trabalho não é um trabalho de uma gestão mas um trabalho de várias gestões. Precisamos nos orgulhar desta marca se chama INPI. Encontrei um INPI em que a primeira coisa que se falava do INPI é do problema do backlog o que é uma perspectiva errada. O INPI tinha realizações como o tempo de exame ágil de PPH e prioritários que pouco era divulgado. Os méritos eram minimizados. O MDIC tem um compromisso de mudar essa derivada da taxa de crescimento de produtividade no Brasil que se tem sido nulo nos últimos anos. Como fazemos a produtividade crescer no INPI ? processos de gestão precisam ser melhorados. Ao nos compararmos com outros escritórios de patentes no mundo vieram as soluções. Aumentar a produtividade não é fazer o trabalhador extraindo mais trabalho dele. A sátira de Chaplin mostra ele numa linha de montagem, em que a esteira aumenta a velocidade e o trabalhador aumenta o esforço. Aumentar produtividade não é isso. Aumentar produtividade é usar robôs, usar a busca do exterior, com o examinador mantendo seu nível de esforço. Não é produzindo mais fazendo da mesma forma, mas produzindo mais com meios adequados. Um desses mecanismos foi o uso de teletrabalho que tem conseguido ganhos de 41% em relação às metas estabelecidas e ninguém está na forca para fazer isso.  Um modelo como usado pelo INMETRO para ouvir a casa está sendo pensado, voltado para inovação de processos. Uma Consultoria Internacional ira nos ajudar nisso. Julio Castelo Branco está fazendo um trabalho extraordinário na área de revisão de processos no INPI. A portaria 371 de 23 de julho de 2019 do MDIC nos permite introduzir o programa de gestão por tarefa, como programa piloto, a partir de hoje, estou assinando uma Portaria que irá instituir esse programa de gestão na DIRPA. Isso pode ser dependendo do momento adequado pode ser estendido a outras áreas do INPI. Não existe na Organização uma diferença entre áreas fins e áreas meio, todos são iguais na Organização o que nos diferencia é o nível de responsabilidade na Organização. O INPI será totalmente digital e acessível digitalmente aos nossos clientes. A forma de pagar pelo serviço, de pagar a GRU será facilitada, a partir de setembro estará disponível dentro do Plano PI Digital. O INPI terá uma face renovada e estar dentro da produtividade e resultados dos grandes escritórios internacionais. Peço o compromisso de todos. Aproveito a ocasião para anunciar a aposentadoria da Dr. Liane Lage grande general neste plano de combate. Peço uma salva palmas a este novo horizonte


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