Astrid Romain e Bruno de la Potterie mostram a importância das patentes na atração de capital de risco em países de OCDE.[1] Ao analisar o setor de software Ronald Mann encontra uma forte correlação positiva entre patentes de software de empresas selecionadas com os recursos obtidos com capital de risco. [2] Ronald Mann destaca que empresas start-ups mostraram que usam patentes para atrair capital de risco como forma de garantir a proteção, se mostrar tecnologicamente atraentes, porém, pouco usam estas patentes em litígios contra pequenas empresas, desta forma o autor contesta as críticas de autores como James Bessen, Carl Shapiro e Larry Lessig de que a rápida proliferação de patentes no setor de software tenha criado o patent thicket e detido a inovação.
François Chesnais [3] observa que o capital de risco financiou algumas das empresas mais bem sucedidas dos Estados Unidos como Microsoft, DEC, Fedex, Intel, Genentech e Cisco. A DEC em 1957 foi financiada inicialmente pela empresa de capital de risco American Research and Development Corporation (ARDC) fundada por Georges Doriot, ex reitor da escola de administração de Harvard em parceria com Karl Compton, ex presidente do MIT. O valor investido aumentou em cinco vezes quando a DEC fez sua IPO onze anos depois. A Intel recebeu investimentos de Arthur Rock.[4] O Google recebeu investimentos de capital de risco da Sequoia Capital e Kleiner Perkins. Mariana Mazzucato mostra que o capital de risco privado nos Estados Unidos entra numa fase posterior do desenvolvimento da empresa onde o risco embora alto é menor do que nas fases inciais da empresa.[5] Segundo o prêmio Nobel Paul Berg os investidores de capital de risco não estavam disponíveis quando do surgimento das empresas de biotecnologia: “Onde estavam vocês nas décadas de 1950 e 1960, quando foi preciso fazer todo o financiamento em ciência básica ? A maioria das descobertas que tem alimentado a indústria foi feita nessa época”.
Um exemplo de alavancagem do modelo de inovação no Brasil para pequenas empresas é a empresa PuraInova, fundada pelo francês Joel Ponte. A empresa é um spin-off da Natura. Uma tecnologia chave patenteada pela empresa refere-se a processo para levar às camadas mais profundas da pele as propriedades da água mineral, através de nanopartículas formadas por lipídios similares aos da pele, para hidratar atuando de forma mais profunda. Este pedido de patente foi importante para atração do Fundo Inseed Investimentos, uma gestora de venture capital, especializada em empresas de base tecnológica, que aportou R$7 milhões na criação da empresa com 35% de participação. Para manter a inovação e agilidade para oferecer produtos com alta tecnologia, a PuraInova utiliza redes colaborativas de dermatologistas, dermoconsultoras e consumidores para a co-criação de produtos através de dinâmicas presenciais e virtuais, resultando em um modelo transparente, livre e descentralizado, mantendo uma cultura de cooperação.[3]
[1]ROMAIN, Astrid; POTTERIE, Bruno van Pottelsberghe de la .On the relationship between patents and venture capital. In: PEETERS, Carine; POTTERIE, Bruno van Pottelsberghe de la. Economic and management perspectives on intellectual property rights. New York: Palgrave Macmillan, 2006, p. 222
[2]MANN, Ronald; SAGER, Thomas. Patents, Venture Capital, and Software Start-ups. Research Policy, v. 36, 2007 University of Texas Law, Law and Econ Research Paper No. 57 http: //papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=802806
[3] CHESNAIS, François; SAUVIAT, Catherine. O financiamento da inovação no regime global de acumulação dominado pelo capital financeiro. In; LASTRES, Helena; CASIOLATO, José; ARROIO, Ana. Conhecimento, sistemas de inovação e desenvolvimento, UFRJ:Rio de Janeiro, 2005, p. 200
[4] ISAACSON, Walter. Os inovadores: uma biografia da revolução digital, São Paulo: Cia das Letras, 2014, p. 199-201
[5] MAZZUCATO, Mariana. O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado, São Paulo:Portfolio Penguin, 2014, p.91
[3] http://purainova.sitew2.com/html/noticias.aspx
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