sábado, 17 de setembro de 2016

Previsibilidade dos resultados e atividade inventiva


Christopher Cotropia observa que a Suprema Corte em KSR v. Teleflex 550 US 398 (2007) introduziu dois padrões de previsibilidade no exame de obviedade: o primeiro se o inventor utilizou o estado da técnica de forma previsível para chegar à solução reivindicada (tipo I) e o segundo se o inventor produziu um resultado previsível (tipo II). Ainda que o técnico no assunto tenha motivação para combinar documentos, se isso gerar resultados inesperados, é possível se refutar um argumento de obviedade prima facie. Porém, resultados imprevisíveis não necessariamente conduz sempre à conclusão de que há atividade inventiva. Por exemplo, um equipamento baseado em teoria quântica, que lida com incertezas, não necessariamente será sempre inventivo. Após KSR, resultados previsíveis podem ser usados para se negar a patenteabilidade, por obviedade. Para Christopher Cotopria a concessão de uma patente por apresentar resultados imprevisíveis: (i) se afasta do estatuto legal (35 USC § 103)[1] que trata apenas da aferição da diferença entre a invenção e o estado da técnica, (ii) introduz problemas de hindsight, uma vez que o foco da análise são os resultados alcançados ao invés das condições que antecedem a invenção, (iii) discriminar certas tecnologias, tais como as mais simples, uma vez que quanto mais simples a invenção, maior será a previsibilidade de seus resultados[2]. O Post It, por exemplo, gera um resultado previsível. Se levássemos em conta uma análise de previsilidade dos resultados (tipo II) o Post It não seria inventivo, porém, a solução promove uma combinação improvável entre um pedaço de papel e uma substância semiadesiva e, desta forma, foi objeto de patente US5194299. Cristopher Cotropia observa que rejeições com base na previsibilidade dos resultados (tipo II) tem adicionalmente a desvantagem de ser seletiva tecnologicamente uma vez que áreas como mecânica, elétrica e software são tidas como mais previsíveis do que química e biologia, de modo que estas últimas tenderiam a ser mais inventivas por este critério. Segundo o MPEP 2141[3] com base em KSR: “a combinação de elementos familiares segundo métodos conhecidos provavelmente será considerada óbvia quando representa nada mais do que resultados previsíveis”. Cristopher Cotropia mostra que após a decisão da Suprema Corte em KSR o PTAB usou o termo “predictable” em cerca de 20 % dos casos de não obviedade, ao passo que antes de KSR esta incidência era de apenas 1 %, o que mostra que o USPTO tem aumentado a incidência do argumento de previsibilidade dos resultados no exame de obviedade.
 
Cristopher Cotropia
 



[1] A patent for a claimed invention may not be obtained . . . if the differences between the claimed
invention and the prior art are such that the claimed invention as a whole would have been obvious . . . to a person having ordinary skill in the art. . .
[2] COTROPIA, Christopher. Predictability and Nonobviousness in Patent Law After KSR, Michigan Telecom and Tech Law Review, v.2, n.2, 2014, p.
[3] https://www.uspto.gov/web/offices/pac/mpep/s2141.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário