A Áustria desde 1994 permite a proteção como
modelo de utilidade da lógica que envolve um programa de computador. Para
William Cornish e David Llewelyn isto parece ter a intenção de contornar a
exclusão de patentes a programas de computador. [1] No
entanto a lei não deixava claro em que condições tais patentes de modelo de utilidade
poderiam ser concedidas. Em 2011 um requerente depositou pedido de modelo de
utilidade para uma lógica de programa que resolvia equações diferenciais ordinárias.
O escritório de patente negou a patente por entender que não havia aspectos técnicos.
Em 2013 a Câmara Suprema de Marcas e Patentes (SPTB) julgou o caso e reafirmou
o indeferimento (OBGM 1/13 Supreme Patent
and Trademark Board SPTB, 1 dezembro 2013). A decisão foi publicada em 2014
pela Suprema Corte da Austria uma vez que a lei de 2014 dissolvera o SPTB. Se a
seção 1(2) do Utillity Model Act afirma que a lógica do programa constitui
invenção, a seção 1(3)(3) considera o programa as such como não invenção. O
pedido tratava da solução de equações matemáticas, ou seja, de meras instruções
para execução de atos mentais que não possuem nenhuma informação técnica ou
solução de problema técnico um pré-requisito exigido pela seção 1(1) do Utility
Model Act. A seção 1(2) ao tratar de lógica de programa não derroga este critério,
logo apenas as lógicas de programa com aspectos técnicos põem ser protegidos. O
mero uso de um computador não é suficiente para atender este critério técnico.[2] A
Diretiva Européia de Modelo de Utilidade, discutida nos anos 1990, por sua vez,
propunha a proteção do software como
modelo de utilidade, orientada para proteção dos desenvolvimentos de pequenas
empresas. No entanto, as incertezas quanto ao efeito de tais patentes
examinadas apenas em caso de litígios judiciais ou sob demanda; bem como o
conceito vago de atividade inventiva mínima baseada em algo “não muito óbvio para um técnico no assunto”
e os inevitáveis custos de tradução inviabilizaram uma proposta concreta de
modelo de utilidade comunitário e acessível às pequenas empresas. Tais
propostas não se viabilizaram pelos riscos de se tornarem pouco eficazes além
de representar um risco de comprometer o sistema de patentes.[3]
[1] CORNISH,
William; LLEWELYN, David. Intellectual
property: patents, copyright, trade marks and allied rights,
London:Sweet&Maxwell, 2007, p.131
[2] GRAF, Ferdinand; KRIZANAC, Marija. Program logic in the field of intellectual property: protectability
under Austrian law. Journal of Intellectual Property Law & Practice,
2014, v.9, n.11, p.894-895
[3] LEITH,
Philip. Software and Patents in Europe,
Cambridge:Cambridge University Press, 2007, p.165, 178
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