A válvula diodo é dotada de um tubo de vácuo
contendo em seu interior um filamento, um catodo e uma placa (anodo). Um triodo
é dotado de construtividade semelhante, acrescentando apenas uma grade de
controle entre catodo e anodo. Uma patente do triodo é dependente da patente do diodo. No diodo o filamento aquece o catodo
que libera elétrons que ficam girando ao seu redor. Aplicando uma tensão
positiva na placa, esta atrai os elétrons emitidos pelo catodo estabelecendo
uma corrente pelo interior da válvula. O diodo atua assim como retificador. A
válvula triodo consiste no acréscimo de uma grade de controle. A presença de
uma variação pequena na tensão de grade proporciona uma grande variação de
tensão na placa, o que permite usá-lo como amplificador. Aplicado uma tensão
constante de zero volts na grade, o triodo atua funcionalmente da mesma forma
que um diodo, com a mesma função retificadora. A patente do triodo deveria
descrever em sua reivindicação: filamento, catodo e anodo deixando a descrição
da grade de controle para a parte caracterizante, configurando desta forma, uma
patente dependente do diodo, visto que, com a grade de controle desativada e
inoperante, o triodo funciona da mesma forma que um diodo, segundo os mesmos
princípios de funcionamento. O pedido de patente do tríodo foi concedido pelo
USPTO o que mostra que mesmo sendo o tríodo uma contrafação do diodo isso não
impede que tenha patente concedida, trata-se de uma situação de dependência de
patentes.[1]
O diodo foi inventado pelo britânico John Ambrose Fleming em
1904 quando já em surdez avançada. Suas primeiras pesquisas foram publicadas em
1883 e tiveram como princípio o efeito Edison observado por Edison e Upton em
1882 nos filamentos de lâmpadas elétricas (patente US307031), porém, Fleming
somente percebeu a sua aplicação vinte anos mais tarde ao construir um detector
de ondas de rádio.[2]
A patente de Fleming US803684 foi considerada posteriormente em 1943 inválida
pela Suprema Corte[3].
Com base na invenção do diodo coube ao norte americano Lee De Forest em 1906 a
invenção do Audion (US879532), posteriormente denominada triodo. Somente em
1911 De Forest percebeu o potencial do triodo na ampliicação de sinais.[4] De
Forest fundou a De Forest Radio Telephone Company. Com problemas financeiros
não teve outra opção senão vender em 1913 sua patente do triodo para a AT&T
por apenas US$ 50 mil.[5] O
inventor obteve outras patentes como as do circuito oscilador, as quais forma
objeto de prolongada disputa judicial tendo dispendido boa parte de sua fortuna
com ações judiciais por violação de patentes. [6] A
Cortes decidiram que o triodo era um aperfeiçoamento do diodo e desta forma não
poderia ser fabricado sem a autorização da patente do diodo controlada por
Marconi. Mesmo tendo depositado patentes em outros países para o Audion
(triodo) De Forest não teve como manter as anuidades destas patentes de modo
que o acordo com Marconi sobre a utilização da patente do diodo ficou restrito
aos Estados Unidos.[7]
Marconi por sua vez se recusou a licenciar a patente do diodo de Fleming,
embora ele mesmo não pudesse fabricar triodos, por ser patente da AT&T. O
resultado foi o de atrasar a introdução da tecnologia dos triodos em
equipamentos comerciais. [8]
[1] PRESSMAN, David. Patent It Yourself, California:Nolo, 2009, p.146
[2] CULLIS,
Roger. Patents, inventions and the dynamics of innovation: a multidisciplinary
study, Edgard Elgar, 2007, p.70, 99
[3]
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Ambrose_Fleming
[4] CULLIS,
Roger. Patents, inventions and the dynamics of innovation: a multidisciplinary
study, Edgard Elgar, 2007, p.71
[5]
http://en.wikipedia.org/wiki/Lee_De_Forest
[6]
CHALLONER, Jack. 1001 invenções que mudaram o mundo. Rio de Janeiro:Ed.
Sextante, 2010, p. 539
[7] CULLIS,
Roger. Patents, inventions and the dynamics of innovation: a multidisciplinary
study, Edgard Elgar, 2007, p.137, 210
[8] MERGES,
Robert. Intellectual property rights and bargaining breakdown: the case of
blocking patents, Tennessee Law Review, v.62, 1994,p.84-87. cf. PARK,Jae Hun.
Patents and Industry Standards,Edward Elgar, 2010, p. 142; JAFFE, Adam; LERNER,
Josh. Innovation and its discontents: how our broken patent system is endangering
innovation and progress, and what to do about it. Princeton University Press,
2007, p. 999/5128 (kindle version); ARORA, Ashish; FOSFURI, Andrea;
GAMBARDELLA, Alfonso. Markets for Technology: the economics of innovation and
corporate strategy, London : MIT Press, 2001, p.266; CULLIS, Roger. Patents,
inventions and the dynamics of innovation: a multidisciplinary study, Edgard
Elgar, 2007, p.80
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